Como foi a visita de comitiva de embaixadores a Amazônia?
Iniciativa do Conselho Nacional da Amazônia Legal e coordenada pelo vice-presidente, Hamilton Mourão, comitiva é enviada à Amazônia sob fins de ação diplomática. A visita durou três dias, ocorrida entre 04, 05 e 06 de novembro de 2020.
O vice-presidente Hamilton Mourão considerou positiva a missão realizada e foi acompanhado de diplomatas dos seguintes países:
África do Sul;
Espanha;
Peru;
Colômbia;
Canadá;
Suécia;
Alemanha;
Reino Unido;
França;
Portugal.
Além desses integrantes, também foram convidados o Ignacio Ybáñez, embaixador da União Europeia no Brasil, e representantes da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA).
Segundo o vice-presidente, a visita foi para evidenciar as ações brasileiras na região, como a proteção e preservação da Amazônia pelo Estado. Com isso, embaixadores se pronunciaram sobre a ação realizada. Confira!
Entenda o objetivo da visita à Amazônia
Após oito países europeus contatarem o vice-presidente e relatarem que a alta do desmatamento prejudicaria a importação de produtos do País, o governo federal decide por uma ação diplomática na Amazônia envolvendo os embaixadores estrangeiros.
Com a intenção de apresentar a “realidade da Amazônia”, o Conselho Nacional da Amazônia Legal organizou uma comitiva com embaixadores estrangeiros com o propósito de conhecerem áreas de fronteira da região.
O vice-presidente Hamilton Mourão foi quem tomou a frente dessa ação, acompanhado também por representantes do governo, como:
Wilson Lima (governador do Amazonas);
Ricardo Salles (Ministro do Meio Ambiente);
Tereza Cristina (Ministra da Agricultura);
Ernesto Araújo (Ministro das relações Exteriores);
Eduardo Pazuello (Ministro da Saúde);
Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional)
Tenente-brigadeiro do ar Raul Botelho (chefe do Estado-Maior das Forças Armadas).
A comitiva internacional contou com vários compromissos na região, os quais pudessem apaziguar as cobranças em relação ao que está sendo feito, uma vez que o governo tem recebido críticas pelo aumento do desmatamento e queimadas.
Nesse sentido, o governo conduziu esse evento para buscar minimizar tais conflitos e tentar mostrar aos embaixadores que a região está recebendo cuidados em combate ao desmatamento e queimadas.
Mais detalhes sobre essa ação de visita da comitiva
Em um dos compromissos traçados, o grupo usufruiu de um navio médico da marinha para conhecer o encontro das águas, próximo a Manaus. Nessa região, o Rio Negro com suas águas escuras se encontra com o Rio Solimões, que possui águas mais claras, no entanto, eles não se misturam.
A comitiva também foi levada à Fazenda Santa Rosa, considerada exemplo na agricultura domiciliar em relação à conservação da Amazônia. Além disso, visitaram também a região indígena de São Gabriel da Cachoeira.
O município de São Gabriel da Cachoeira, no Alto Rio Negro, que foi a última parada organizada para essa ação do governo, é uma região com a maior população indígena do País. Lá, visitaram o 5° Pelotão Especial de Fronteira de Maturacá, próximo ao Pico da Neblina e da fronteira com a Venezuela.
Ainda nessa localidade, visitaram também a 2ª Brigada de Infantaria de Selva e da Casai (Casa de Apoio à Saúde Indígena), que ficam na sede do município.
Portanto, o grupo foi levado em locais nos quais as ações do governo evidenciaram:
regularização fundiária;
combate à extração ilegal de madeira;
encontro com etnias indígenas.
Governo Federal acredita ter feito um bom trabalho
O governo federal considerou bons os resultados da viagem em comitiva à Amazônia. Em análise interna no Palácio do Planalto, tal ação foi vista como um passo de peso em prol do objetivo de melhorar as relações internacionais. Dessa forma, “freando” a pressão e cobranças.
Em manifestação por Twitter, Mourão afirmou que no período da viagem procuraram apresentar, com total transparência, o que o Conselho Nacional da Amazônia Legal diagnosticou como desafios da região e medidas prioritárias que estão sendo adotadas.
Sobre a visita à população indígena, Wilson Lima, governador do Amazonas, comentou: “Nós tivemos a oportunidade de ir até o Pelotão de Fronteira de Maturacá, onde moram cinco comunidades indígenas da etnia Ianomâmi. Essa vinda aqui é muito didática para eles”.
No entanto, ambientalistas criticaram o roteiro da ação de visitação, visto que não incluiu áreas que mais sofrem com as queimadas e desmatamentos. Nesse sentido, a comitiva visitou apenas o Norte do estado, mas as áreas mais afetadas ficam ao Sul.
Vale destacar que o Amazonas já registrou, só em 2020, mais de 16 mil focos de queimadas, sendo considerado o maior número da história.
Repercussão causada, pronunciamentos e cobranças
Com uma ação dessas era esperado que pronunciamentos fossem feitos, portanto houve repercussão positiva sobre a viagem à Amazônia, mas também cobranças.
Diplomatas internacionais consideraram a viagem bem intencionada, mas também apontaram que é preciso de ações mais concretas com metas de preservação da floresta. Insistem por um plano mais transparente e por resultados mensuráveis sobre a referida situação.
Liz Davidson, representante de negócios do Reino Unido no Brasil, lamentou, em seu perfil no Twitter, não ter ido a áreas mais afetadas, bem como não ter tido a oportunidade de conversar com organizações sociais que atuam na região. Ela cobra por metas quantitativas e o fim líquido do desmatamento.
Da mesma forma afirmou Heiko Thoms, embaixador da Alemanha, quando disse que boas intenções, experiência e instrumentos são importantes, mas não são suficientes. Ele espera por um plano de ação que reduza o desmatamento e que possua metas concretas, prazos fixos e resultados.
Nesse sentido, Ignacio Ybáñez, embaixador da União Européia no Brasil, informou em seu Twitter que são necessários “resultados na luta contra o desmatamento para ampliar nosso engajamento em favor do desenvolvimento sustentável na Amazônia”
O embaixador da Espanha, Fernando García Casas, afirmou ao UOL sua consideração sobre o processo de diálogo do governo ser um passo importante, mas que ações que integrem o governo, a sociedade civil e as empresas são necessárias.
Assim também considerou a embaixadora do Canadá, Jennifer May, quando escrever em seu Twitter o seguinte:
“Acreditamos que as vozes dos povos indígenas e da sociedade civil são fundamentais e precisam ser ouvidas, inclusive aqui no Brasil”, escreveu no Twitter.”
Por fim, representantes e diplomatas integrantes da ação também cobraram novas visitas e sobrevoos que possam evidenciar áreas mais afetadas pelo desmatamento e queimadas, citando as regiões Apuí (AM), Lábrea (AM), Boca do Acre (AM) e pontos do Pará.