Não é tão simples entender o rumo traçado para defender esse ecossistema

A região amazônica nunca recebeu a atenção que deveria ou merecia por parte de instituições governamentais. Por um lado, o trabalho era feito, mas sempre de forma insuficiente, tanto que os índices do desmatamento nesse estado não estiveram completamente controlados em nenhum momento, desde que começaram a ser medidos. Porém, na atualidade, o que se percebe é uma guerra ao meio ambiente.

Entre as ações mais explícitas colocadas em prática, estão:

  • O corte de verbas;
  • O afrouxamento de leis ambientais;
  • O ataque sistemático aos que lutam por essa causa;
  • A censura de profissionais da área.

Apesar de todos esses obstáculos, ainda existe quem permaneça na linha de frente, dentro e fora dos ambientes públicos. Quer entender mais sobre esse assunto? Continue no artigo.

Afinal, qual é o problema?

Muito se discute sobre o fim dos problemas ambientais relacionados à Amazônia, porém, poucos se aprofundam nesse segmento. Afinal, qual a origem do que está sendo combatido?

O desmatamento, por exemplo, é um imbróglio com diversas camadas. Não basta lutar contra o “chão de fábrica”, ou seja, contra as pessoas que, efetivamente, derrubam áreas protegidas. Nesse tabuleiro, esses indivíduos são as menores peças e, muitas vezes, as mais fracas.

O foco deve ser os que trabalham para que esses peões tenham espaço, ou nesse caso, as políticas públicas que visam aumentar a exploração desses locais. Por isso, é importante observar os que propõem, os que defendem e os que aprovam essas medidas. Nos últimos anos, dois movimentos foram simbólicos nessa direção, ambos orquestrados pelo governo federal.

Visando enfraquecer essas organizações, algumas reestruturações – ou desestruturações – foram realizadas no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA) e no Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio). Ambos tiveram cortes em seus quadros de funcionários e perderam muita de sua autonomia.

Também vale ressaltar que outras ações são tomadas, o tempo todo, longe de Brasília. A grilagem, por exemplo, é um dos problemas mais graves da região amazônica, que continua sufocando mais com a assinatura de papéis do que com motosserras.

Pensando em solucionar impasses como esses, o mundo se reuniu para tentar promover algumas soluções.

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Os ODS são um conjunto de metas definidas pela Assembleia Geral das Nações Unidas, que visam tornar a sociedade global mais saudável e justa. São 17 pontos, cada um com suas características próprias, que podem ser divididos em alguns grupos. A pauta ambiental pode ser composta pelos seguintes:

  • Ação contra a mudança global do clima;
  • Água potável e saneamento;
  • Cidades e comunidades sustentáveis;
  • Consumo e produção responsável;
  • Energia limpa e acessível;
  • Fome zero e agricultura sustentável;
  • Vida na água;
  • Vida terrestre.

Como atingir os ODS?

Apesar de perseguições recentes promovidas por alguns grupos, as Organizações Não Governamentais (ONGs) ainda são uma das principais esperanças dessa luta, tanto no Brasil quanto em outros países.

Muitas delas se estruturaram para defender esses pontos que, frequentemente, são negligenciados pelos próprios agentes públicos, que os usam apenas como bandeira política. Além disso, projetos a longo prazo são, muitas vezes, abandonados por novos governos, que mudam esses planos antes que sejam concluídos. Isso cria um círculo vicioso que, a longo prazo, não resolve nada relevante.

Isso pode ser combatido através de algumas medidas:

  • Gestão participativa local

A proximidade com populações locais deve ser considerado um ponto extremamente relevante. Ouvir o exterior é cômodo, mas entender as necessidades de povos nativos é essencial para conseguir aliados e não gastar energia com projetos distantes da realidade. Por isso, trabalhar em conjunto com esses indivíduos e a comunidade científica é tão importante para atingir esses objetivos.

 

  • Abordagem sistêmica

Por mais que alguns pontos pareças distantes, os ODS estão fortemente relacionados entre si. Por isso, para que qualquer um deles seja concluído, os outros também precisam ser levados em consideração. A ideia é trabalhar com a integração desses objetivos, entendo que qualquer atitude pode interferir, positiva ou negativamente, em mais de um deles.

  • Processos científicos

A coluna vertebral de qualquer trabalho nesse sentido deve ser constituída por estudos e análises de dados. Através disso, será possível melhorar a eficiência e a qualidade de qualquer projeto, visto que as ações e reações serão compreendidas com maior facilidade.

Além desses pontos, é essencial que o vício por descontinuar projetos encaminhados por governos anteriores seja combatido. Como citamos antes, esse costume é intrínseco de algumas figuras públicas que, quando assumem alguns postos da vida política, acabam com diversos projetos de mandatos anteriores. Esse desperdício de recursos precisa acabar urgentemente.

Os benefícios da internacionalização

Diferente de algumas causas sociais, a Amazônia ganha destaque por sua vastidão territorial. Defender esse ecossistema, portanto, não significa necessariamente excluir outros países. Por isso, possuir relações com entidades de outras nações pode ser a chave para beneficiar projetos nacionais e internacionais.

Bandeiras como a WWF ou o Greenpeace internacionalizam a luta, que passa a receber a atenção e fiscalização de outros países. Em setembro de 2020, por exemplo, embaixadores de oito países assinaram uma carta que cobrava medidas mais duras contra a devastação da Amazônia.

À época, Alemanha, Bélgica, Dinamarca, França, Holanda, Itália, Noruega e Reino Unido exigiram um “(…) compromisso político firme e renovado por parte do governo brasileiro”.

Dessa forma, fica claro que o projeto nacional de defesa da Amazônia não se restringe a meros protestos e, muito menos, ao próprio Brasil. É necessário que haja união e inteligência, além de muito empenho por partes das Ongs, que tendem a ser cada vez mais essenciais nessas batalhas cotidianas.