Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe) apontam um aumento de 1.186 nos focos de calor na Amazônia. Os registros são apenas de maio deste ano.
Aumento do desmatamento
O número divulgado pelo Inpe é 34,5% superior à média histórica do mês e acende o sinal de alerta para o aumento do desmatamento. O Greenpeace informou que os índices são 40,6% maiores em relação ao mesmo período do ano passado. Isso demonstra a expansão das ações dos madeireiros ilegais e grileiros na maior floresta tropical do planeta.
Há três meses a Amazônia enfrenta recordes consecutivos de desmatamento. O Greenpeace explica que não é apenas o bioma amazônico que sofre com as queimadas. O Cerrado também tem sido vítima desse tipo de ação, que preocupa ambientalistas e pesquisadores.
No total, 3.815 pontos de calor foram registrados entre os dois biomas, que fazem parte da Amazônia Legal. Com aumento de 65%, esse é pior índice já registrado nos dois biomas desde 2007.
A preocupação dos especialistas é que o fim do inverno amazônico provoque o agravamento nos números de queimadas em toda região. Além da seca, previsão do fenômeno La Ninã também pode colaborar com o aumento das queimadas já no segundo semestre.
O porta-voz da campanha de Amazônia do Greenpeace Brasil, Rômulo Batista, afirma que os registros não surpreendem, já que o Brasil vive uma política antiambiental desde que Bolsonaro assumiu a presidência da República, em 2019.
“Os recordes no mês de maio não são uma surpresa, porque vivemos o sucateamento dos órgãos de fiscalização e da política ambiental. Pela primeira vez na história, um ministro do Meio Ambiente é investigado por cometer crimes contra o meio ambiente e por facilitar ações ilegais”, analisa Batista.
Doenças Respiratórias
As queimadas na Amazônia não apenas ameaçam a biodiversidade da região, mas a saúde da população. Os povos que vivem na região amazônica são atingidos pela alta incidência de doenças respiratórias, devido à queda na umidade e pela redução das chuvas. Também são provenientes das queimadas as fuligens e fumaças. Outra preocupação é o aumento de casos da Covid-19 nas localidades que são invadidas por quem comete crime ambiental.
Por meio de estudos, a Fiocruz e o WWF-Brasil dimensionaram o quanto as queimadas na Amazônia são nocivas à saúde. Segundo as pesquisas, os incêndios foram responsáveis pelo aumento das internações hospitalares por problemas respiratórios entre os anos de 2010-2020. Ou seja, durante 10 anos as queimadas provocaram uma piora respiratória dos moradores da região amazônica.
As internações também provocam um rombo nas contas públicas do Sistema Único de Saúde (SUS). Durante o período estudado, as internações custaram quase 1 bilhão de reais. Segundo a Fiocruz, os poluentes originários das queimadas são responsáveis por inflamações persistentes, aumentando o risco de infecção por vírus que atingem o trato respiratório. Uma das doenças que podem ser favorecidas pelas queimadas é a Covid-19. Isso é o que aponta o levantamento na região da Amazônia Legal.
Os dados apresentados pelos pesquisadores afirmam que 87% das internações hospitalares no período analisado são provocadas pelas altas concentrações de fumaça. Isso porque os moradores respiram e inalam partículas que prejudicam o sistema respiratório. Os números são o seguinte:
- Pará: 68% das internações são provocadas pelas queimadas;
- Mato Grosso: 70% das internações;
- Rondônia: Mais de 70% das pessoas internadas apresentaram problemas respiratórios;
- As altas concentrações de partículas de poluentes também são responsáveis por mais de 70% das internações no Pará, Mato Grosso e Amazonas.
Mais queimadas
A floresta não parou de queimar no mês de maio na Amazônia Legal. Os índices foram bem mais altos do que no mesmo período do ano passado, quando foram registrados 1.798 focos de incêndio. Agora, em maio de 2021 a floresta apresentou 2.679 focos de fogo, um número maior do que a média para o mês, que é de 1.991 focos. Os dados foram anunciados pelo Inpe, que monitora focos de queimadas em todos os biomas brasileiros desde 1998.
Mais de 59% do território brasileiro faz parte da Amazônia Legal. A região é composta por áreas dos seguintes estados:
- Acre;
- Amapá;
- Amazonas;
- Mato Grosso;
- Pará;
- Rondônia;
- Roraima;
- Tocantins;
- parte do Maranhão.
A degradação ambiental também atinge outros biomas como o Pantanal, que também bateu recordes de queimadas e desmatamentos. De acordo com o secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, para que ocorra o fogo é necessário a junção de três fatores: tempo seco, material combustível no chão e incêndio provocado por criminosos que ateiam fogo para a criação de pastos.
Instituições ambientais consideram que os aumentos das queimadas estão diretamente relacionados à falta de fiscalização dos órgãos governamentais, além da falta de políticas de preservação e de combate ao crime ambiental. Astrini acusa o governo de deixar os criminosos à vontade para explorarem ilegalmente a floresta amazônica. Por isso, eles estão aproveitando o momento para destruir o maior bioma tropical do mundo.