O período de seca no Brasil é um dos mais alarmantes em relação às queimadas, que aumentam nessa época por causa do clima e suas consequências. Saiba mais!
A época de queimadas no Brasil é também um período preocupante. O tempo seco, que é característico da estação do Outono, que ocorreu este ano de 20 de março a 21 de junho, aumenta as expectativas em relação ao número de queimadas. Afinal, com a desaceleração do clima chuvoso, os focos de incêndio crescem.
Isso acontece por causa da redução da água no solo, aumento da poluição, mudança brusca na climatização, tornando o ar bem mais seco e, consequentemente, em razão do maior foco de incêndio. No entanto, o Brasil é um país que independe de estação para o aumento das queimadas, já que segue com números alarmantes o ano todo.
Ou seja, embora a preocupação cresça nesse período, trata-se de uma situação que deve ser considerada durante o ano inteiro para que ações sejam traçadas e as queimadas combatidas. Mato Grosso é o estado que segue na liderança de queimadas este ano.
Continue lendo e compreenda melhor como a seca influencia no aumento do foco de incêndio no Brasil.
Como o clima influencia nos focos de incêndio
Para contextualizar, as queimadas podem ser definidas como fenômenos naturais que ocorrem em áreas secas que contenham vegetação, onde o clima pode se encontrar mais árido ou semiárido. O fato ocorre por meio do vento e da baixa umidade, que pode levantar fagulhas naturalmente e causar focos de incêndio. Em vários casos, o evento pode se expandir proporcionalmente e se tornar catastrófico.
Nas regiões do Cerrado, por exemplo, o segundo maior bioma da América do Sul, os focos de queimadas naturais podem surgir com grande proporção durante os períodos de estiagem, no inverno, que vai de julho a setembro. Inclusive, o Dia do Cerrado acaba sendo celebrado no momento que, normalmente, é mais crítico para a região, em 11 de setembro.
Vale dizer também que existem as queimadas artificiais, que são provocadas pelo ser humano, quando este ateia fogo em áreas de vegetação propositalmente, como acontece no caso do desmatamento. Trata-se de uma ação com altos riscos, já que o vento pode ser alterado e levar faíscas para outras áreas, aumentando os focos.
Os elementos do clima que mais estimulam o fogo são referentes a radiação (nebulosidade), umidade relativa do ar, temperatura e pressão atmosférica e também a pluviosidade. Além disso, a direção e velocidade dos ventos são o que acarreta na propagação dos focos.
Isso significa dizer que a ocorrência de incêndio em áreas naturais precisam de fatores climáticos propícios, como:
- níveis baixos de umidade do ar (inferior a 60%);
- alta temperatura atmosférica (superiora 28ºC);
- fonte de ignição (de origem antrópica ou natural, ou seja, por eventos que contenham a interação humana ou quando ocorrem naturalmente).
O mais significativo de toda a situação quanto ao aumento de focos de incêndio nas vegetações florestais é que o número elevado acaba sendo consequência tanto do clima seco quanto das ações humanas, evidenciando o agravamento nos períodos de inverno, que está ocorrendo neste momento.
Dados sobre as queimadas naturais no Brasil
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), até 2019, houve uma média de 5,6 mil queimadas registradas nos últimos 20 anos, entre os meses de junho a setembro em Minas Gerais. E nos quatro primeiros meses deste ano, o estado mineiro registrou 497 focos de incêndio, 38,4% a mais do que em 2020.
Mas, a região mineira não foi a única a apresentar alarme quanto a isso: nos três primeiros meses de 2020, foram mais de 2500 queimadas no estado do Mato Grosso. E apesar de, neste ano ter havido 48% de redução no número de focos, de acordo com o Inpe, o estado segue liderando o ranking, com 1200 focos desde o começo de 2021 até agora.
Logo atrás do estado mato-grossense está a região baiana, que vem em segundo lugar do ranking atual de queimadas naturais. A Bahia sofreu aumento de 71% com relação ao mesmo período de 2020, entre janeiro e março, em que registrou 382 focos, sendo 654 este ano.
A temporada seca no Brasil também já começou batendo recorde de queimadas e devastação em regiões de concentração do bioma brasileiro, como Amazônia e Cerrado. Em maio, os focos de incêndio nessas regiões foram tão altos que ultrapassaram o maior já existente, lá de 2007.
Inclusive, o período superou também maio de 2020, que havia registrado o maior recorde de queimadas em uma década, o que chamou a atenção da imprensa internacional. No Brasil, as queimadas se tornam muito mais intensas a partir de junho, atingindo o ápice em agosto e setembro.
Unindo isso à situação do desmatamento na Amazônia, que segue batendo recorde período após período, a floresta pede socorro. Somente no mês de maio, foram devastados 1.180 km² da região, um aumento de 44% comparando com o mesmo mês em 2020, em que foram somados 645 km² de desmatamento.
Ou seja, maio foi um mês difícil, pois o Cerrado também obteve alta de queimadas, somando 2.649 focos de incêndio registrados, um total de 87% maior que o registrado no mesmo mês em 2020.
Por fim, os focos de queimadas no Brasil são ainda mais alarmantes em relação aos números já registrados somente nos cinco primeiros meses de 2021: uma soma de 15.492. Os próximos meses devem ser de extremo cuidado e vigilância, uma vez que a expectativa não é das melhores para as regiões vítimas desses eventos.