Os problemas causados pela mineração/extração ilegal voltaram a ser notícia depois que a Polícia Federal realizou uma operação junto com outras forças de segurança pública. De fato, isso teve como fim o fechamento do garimpo Maria Bonita, no estado do Pará.
Operação Muiraquitã 2
A PF, entre os dias 23 e 25 de agosto, deu início à Operação Muiraquitã 2. Assim, fez parte dessa ação:
- Exército;
- Força Nacional de Segurança;
- IBAMA;
- FUNAI;
- Bem como, o Ministério Público Federal.
A atividade teve como missão, acabar com a prática da extração ilegal de minérios no território dos índios Kayapó. Aliás, o mesmo fica entre os municípios de Cumaru do Norte e Ourilândia do Norte.
Essa manobra contou com a ajuda de 220 agentes de segurança pública. O efetivo partiu de Marabá em helicópteros rumo ao garimpo Maria Bonita.
Já na chegada eles lançaram bombas de gás lacrimogêneo, a fim de impedir os garimpeiros criminosos de esconderem as máquinas na área da floresta.
A força tarefa não tinha como objetivo prender os trabalhadores do local, mas sim, desfazer a estrutura de extração ilegal de ouro daquele lugar. Por fim, apreenderam vários equipamentos e destruíram alguns maquinários.
O garimpo Maria Bonita
Um fato que chama a atenção é o domínio dessa atividade. Afinal, o Maria Bonita cresceu, nos últimos 5 anos, cerca de 495%. Dessa forma, ocupa hoje uma área igual a 2.200 campos de futebol. E, sem dúvida, gerou muito impacto ambiental na região.
Na área do garimpo, a polícia encontrou vários acampamentos menores, conhecidos como “pontos de extração”. Logo, sofreram vistorias, com o intuito de garantir que não houvessem trabalhadores nos locais. Mas, no final, acabaram sendo destruídos.
Durante esse trabalho, também encontraram ainda mais equipamentos e máquinas usadas na exploração de ouro, além de uma grande quantidade de combustível. Assim, as apreensões incluem:
- 26 escavadeiras hidráulicas;
- 67 motores bombas;
- 59 mil litros de combustível (óleo diesel);
- 3 caminhões, um deles bitrem;
- 4 pessoas presas em flagrante e duas resgatadas de uma situação de escravidão.
Máquinas destruídas
A equipe também coletou amostras de ouro do garimpo. Assim, as mesmas serão registradas no banco de dados da PF. Dessa forma, vão poder ajudar a saber a origem de eventuais apreensões futuras do mineral.
Certos equipamentos achados no local eram grandes e pesados demais. Portanto, a sua retirada do local teria um custo muito alto. Por isso, a polícia optou pela destruição dos mesmos. Além disso, resultaria em um processo de logística muito difícil.
Proteção dos povos indígenas
Isso faz parte das ações da PF, a fim de oferecer proteção às tribos de índios mais indefesas. Com isso, uma vez identificadas quais são as áreas com maior presença de invasores, mais medidas protetivas poderão ser tomadas.
Tal tarefa tem como base uma decisão da justiça dada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que apresenta como objetivo principal da atuação, a retirada de criminosos da região em questão, bem como a intenção de desativar os garimpos.
Com os materiais apreendidos e máquinas destruídas, a prática ilegal foi desarmada. Também foi possível combater outros crimes ambientais gerados por meio da extração ilegal de minérios.
Por conta dos diversos pontos de mineração, a dificuldade de acesso por terra e o tamanho da área, exigiu-se o uso de helicópteros ao longo da operação: três das Forças Armadas e um da própria PF.
O que é Muiraquitã
De acordo com a Polícia, o título se refere a objetos construídos em um tipo de pedra conhecida como amazonita e representam animais, por exemplo, répteis e anfíbios.
Inclusive, os mesmos eram muito usados pelas tribos Tapajós e Konduri, desde antes da chegada dos europeus, servindo de talismã, ou seja, um símbolo de poder. Além disso, esse amuleto era dado pelas índias guerreiras aos seus companheiros.
Brasil e suas riquezas naturais
O subsolo do país chama a atenção pela grande variedade de minérios que existem ali. Assim, ele ocupa um lugar de destaque no cenário mundial, o que favorece a expansão da ação extrativista.
A Amazônia, berço de tantos recursos, é também a área com maior exploração mineral (cerca de 72,5% da área), sendo que as maiores produções são as de ferro, alumínio e ouro.
O que também se destaca é que a mineração industrial, isto é, aquela que é feita dentro da lei, com licenças ambientais, diminuiu. Por outro lado, os garimpos ilegais aumentaram.
Isso acaba levando ao avanço dessa atividade para as áreas protegidas ou territórios dos índios, onde não há qualquer tipo de fiscalização. Assim, o impacto ambiental gerado é enorme.
Os problemas causados pelo garimpo ilegal
Ele não segue as diretrizes ambientais de nenhum órgão. Logo, os danos causados por esse tipo de operação são bem graves. Dentre os problemas causados pelo extrativismo ilegal pode-se destacar:
- Mudança no meio físico;
- Desmatamento;
- Erosão;
- Poluição da água;
- Disseminação de metais pesados;
- Alteração da paisagem e do solo;
- Espécies da flora e fauna locais em risco.
Além desses, o garimpo ocasiona impactos e alterações no modo como as populações que habitam na área ou nos seus arredores vivem. Sem dúvida, os mais afetados são os índios, que tem sua área invadida.
Entre os que mais sofrem devido à prática da atividade extrativista ilegal estão os Kayapó, os Munduruku (no Pará) e os Yanomami (em Roraima e no Amazonas).
Tribos cujos territórios somados equivalem a uma área do tamanho do estado de São Paulo e que vivem em alguns dos pontos mais preservados da parte brasileira da Amazônia.
Prejuízos financeiros
Além da destruição ambiental, os garimpos ilegais também geram danos financeiros. Isto é, não promovem lucro para os cofres públicos. Afinal, não há fiscalização sobre o que é produzido e tampouco existem taxas ou impostos sendo arrecadados.
Leis trabalhistas também não existem nesses locais e a exposição aos riscos dessa atividade é constante. Então, os trabalhadores que aceitam esse tipo de serviço são, em geral, pessoas que estão em regiões violentas ou com grande carência estrutural.
Na maioria das vezes, é possível encontrar os mesmos manipulando metil mercúrio, um metal pesado nocivo tanto ao meio ambiente quanto ao organismo humano, sem proteção alguma. Em outras palavras, tais áreas precisam de uma fiscalização constante.