No início do mês de setembro, aconteceu o Congresso da Natureza, o encontro internacional mais importante e que teve como foco a biodiversidade da Terra. Dessa forma, entenda tudo o que foi discutido e a pressão exercida no Brasil sobre a Amazônia.
O Congresso Mundial da Natureza
Quando se fala em biodiversidade da fauna e da flora, a Amazônia se destaca. Afinal, ela é o berço de diversas espécies, muitas delas nunca vistas em nenhum outro lugar.
No Congresso da Natureza de 2021, que acontece a cada 4 anos, o papel do Brasil como seu protetor foi questionado.
Esse encontro entre diversos países aconteceu em Marselha, na França. No entanto, o Ministério do Meio Ambiente brasileiro não mandou nenhum representante ao evento. Assim, apenas um diplomata da embaixada compareceu.
Na abertura do Congresso, o presidente francês, falou sobre a decisão do país em acabar com o desmatamento importado. Isto é, quando uma nação adquire produtos agrícolas de outro país, o que causa a ruína do exportador.
A pauta do desmatamento importado
Ele ainda declarou que a França foi a pioneira em criar estratégias de combate a esse tipo de operação. Aliás, existe até uma lei francesa sobre isso, mas Macron quer que os demais países europeus também lutem contra o desmatamento importado.
Isso quer dizer que devem deixar de comprar soja ou qualquer outra proteína que cause a destruição do meio ambiente, em especial, na Amazônia.
Meio ambiente e a economia do Brasil
A França afirmou que por motivos ambientais, não assinaria o acordo de comércio entre a UE e o Mercosul.
O mesmo tem a intenção de abolir as taxas de importações do Brasil, em sua maioria de matéria-prima. No entanto, a fonte das mesmas é bastante questionada pelos europeus.
De 8 de setembro até o dia 10, os integrantes do IUCN, vindos de 160 nações, discutiram sobre como evitar uma perda maior da biodiversidade do planeta.
Um documento divulgado de forma recente declarou que cerca de 28% das espécies que existem estão em risco de desaparecer. Além disso, outras pautas entraram em foco como:
- Uso de agrotóxicos;
- A poluição dos oceanos;
- Devastação do solo por causa da agricultura.
Grupos indígenas participaram do Congresso da Natureza
Um dos maiores problemas ambientais no Brasil é o desmatamento ilegal, em especial, em áreas protegidas.
Pela primeira vez, as tribos tiveram o direito de falar diante de todos, mesmo que não tenham a opção de votar nas moções.
Índios propõem uma moção no IUCN
Neste encontro internacional, muitos índios latino-americanos clamaram para que pelo menos 80% da Amazônia seja preservada até o ano de 2025. Além disso, eles pediram pela diminuição do desmatamento e também do garimpo ilegal.
É importante mencionar que quando se aprova uma resolução, os países não têm qualquer obrigação de cumpri-la. No entanto, há um impacto político nisso, bem como social, afinal é uma decisão conjunta.
Um país pode decidir ignorar uma moção da IUCN, mas isso afeta a relação do mesmo com as outras nações. Nesse caso, portanto, com a própria França, responsável por sediar o evento.
O risco de extinção de quase 30% das espécies do planeta
A União Internacional para a Conservação da Natureza divulgou no dia 4 de setembro um documento chamado de Lista Vermelha.
Neste relato, 28% das quase 139 mil espécies existentes na Terra estariam correndo risco de desaparecer, ou seja, quase 39.000. De acordo com o estudo, os que mais estão ameaçados são:
- Os anfíbios, cerca de 41%;
- Tubarões e raias, com 37%;
- Coníferas, que são espécies de árvores, com 34%;
- Os corais de recifes, cerca de 33%;
- Mamíferos, com 26%;
- E, por fim, as aves, quase 14%.
O dragão de Komodo, por exemplo, conhecido como o maior lagarto do mundo, classificado como Patrimônio Mundial, mudou o seu status de “vulnerável” para “ameaçado”.
Ele é uma espécie da Indonésia e com as mudanças do clima, isto é, a elevação do nível do mar, o habitat ideal do mesmo deve diminuir em mais de 30% nas próximas duas décadas.
Lista Vermelha revela projeções alarmantes
As espécies marinhas tiveram um destaque preocupante, já que revelou que 37% dos tubarões e raias registradas no mundo estão correndo risco de extinção. O principal motivo, sem dúvida, é a pesca em excesso que ameaça 2 a cada 5 desse primeiro.
Outra razão é a mudança no clima que, com certeza, agrava o problema da perda e devastação do habitat marinho.
Esse estudo revisou algumas avaliações anteriores sobre as 7 espécies de atum mais comercializadas. Assim, chegaram à conclusão de que 4 delas estão demonstrando sinais de recuperação.
Isso aconteceu por causa da aplicação de cotas de pesca criadas em alguns países, para que a prática se tornasse mais sustentável, evitando então, a caça ilegal. Por exemplo, a albacora mudou o status de “ameaçado” a “menos preocupante”.
Flora também está ameaçada
O “Estado das Árvores do Mundo”, divulgado em agosto, mostrou que 30% dos 60 mil tipos de plantas correm risco de desaparecer.
Isso significa cerca de 17,5 mil espécies, em outras palavras, o dobro da quantidade de mamíferos, anfíbios, répteis, bem como pássaros também ameaçados. De fato, essas informações são da própria IUCN.
A pesquisa também fez um alerta de que pelo menos 142 espécies já foram extintas do meio ambiente. E outras 442 estão perto de ter o mesmo fim. Dessa forma, restam menos de 50 árvores de cada tipo.
Em relação às que estão ameaçadas, algumas são carvalhos, bem como magnólias. Mas também há aquelas com madeira tropical muito presentes na floresta amazônica.
Queimadas afetaram mais de 90% das espécies
A revista científica “Nature” mostrou um estudo no dia primeiro de setembro. Aliás, o mesmo contou com a presença de cientistas brasileiros.
O documento indicou que as queimadas na Amazônia desde o ano de 2001, podem ter afetado cerca de 96% tanto da fauna quanto da flora. Assim, esses dados também são da IUCN.
Segundo o artigo, o incêndio na maior floresta do mundo, tem origem humana e nas últimas duas décadas, devastou o habitat de mais de 85% das espécies ameaçadas de extinção, dentre algumas delas, pode-se citar, por exemplo:
- 53 dos 55 tipos de mamíferos;
- 5 de 9 espécies de répteis;
- 95 dos 107 tipos de anfíbios;
- 264 de 236 espécies de plantas estão sob risco de desaparecerem.
Os principais mamíferos afetados pelo fogo destacam-se os saguis, os macacos-aranha, bem como algumas aves, como muricis.