O Brasil tem sua principal fonte de energia avinda das hidrelétricas, sendo muito usadas para gerar eletricidade, fornecendo cerca de 70% de energia elétrica para consumo no País.
Isso significa dizer que somos sustentados pelas hidrelétricas, uma vez que o potencial hidráulico brasileiro é considerado o terceiro maior do mundo, estando atrás apenas da Rússia e China. Para que a geração de energia ocorra, usinas precisam ser construídas, certo?
Se considerarmos que 40,5% do potencial hidrelétrico do País está na bacia Hidrográfica do Amazonas e que a construção dessas usinas impacta o meio ambiente de forma negativa, então chegaremos à conclusão de que somos mantidos, mais uma vez, pela degradação ambiental.
A construção de hidrelétricas causa problemas no bioma amazônico e impacta também grupos indígenas. Entenda mais sobre isso!
Entenda para que serve uma usina hidrelétrica
Como dito, rico em rios extensos, o Brasil é um país que possui sua principal fonte de energia vinda de usinas hidrelétricas, que originam, por meio de um sistema gerador, a eletricidade.
Dessa forma, a energia hidráulica contida pela composição de grandes massas de água em aproveitamento dos desníveis de queda, fluxos e potencial de rios é transformada em energia cinética.
Ou seja, uma hidrelétrica transforma a energia contida na correnteza de rios em energia cinética, a qual movimenta uma turbina e gera eletricidade.
Nesse sentido, uma usina hidrelétrica é um mecanismo estruturado para produzir energia elétrica aproveitando o potencial hidráulico de um rio. Isso é medido por algumas características, como:
- extensão;
- opulência;
- conjunto de desníveis formados por planaltos e depressões;
- vazão hidráulica.
Para isso, há algumas principais necessidades funcionais para uma usina hidrelétrica, são elas:
- altura da queda d’água;
- vazão hidráulica;
- capacidade ou potência construída;
- turbinas para o sistema gerador;
- barragem e reservatório.
Usinas hidrelétricas no Brasil
Como o Brasil é um dos maiores detentores do potencial de hidrelétricas, há diversas usinas instaladas em seu entorno. No entanto, as maiores e que geram mais energia são cinco:
- Usina Hidrelétrica de Itaipu (Paraná);
- Usina Hidrelétrica de Belo Monte (Pará);
- Usina Hidrelétrica São Luís do Tapajós (Pará);
- Usina Hidrelétrica de Tucuruí (Pará);
- Usina Hidrelétrica de Santo Antônio (Rondônia).
A usina de Itaipu, também conhecida como Itaipu Binacional, na fronteira do Paraguai e do Brasil, é a maior geradora de energia (considerada limpa e renovável) do planeta. Em 2019, produziu 79.444.510 megawatts-hora (MWh) e com suas 20 turbinas gera 15% da energia utilizada no País e 86% no Paraguai.
Além desta, há a de Belo Monte, que se tornou a segunda maior da América Latina ao ser finalizada, mas recebeu inúmeras irregularidades e críticas ao desalojar populações indígenas. E também a Tucuruí I e II, em Belém do Pará, sendo considerada a maior usina hidrelétrica 100% brasileira.
Plano de construção de mais hidrelétricas
A construção de hidrelétricas é vista como uma solução para geração de mais eletricidade no país, no entanto especialistas e ambientalistas reforçam suas preocupações quanto a isso e até mesmo quanto ao real motivo da necessidade de gerar mais eletricidade.
Vale considerar que a quantidade de usinas previstas na Amazônia diminuiu nos últimos planos, mas ainda há algumas sendo planejadas, como no plano de 2020-2029, que prevê a construção de três:
- Tabajara (Rondônia);
- Bem Querer (Roraima);
- Castanheiras (Mato Grosso).
Além destas, até 2029 há uma lista bem maior de usinas a serem construídas, mas o maior precursor de receio é com relação à afirmação de que poderiam ser construídas outras, dependendo do “tratamento” a Unidades de Conservação e Terras Indígenas.
Isso significa dizer que a construção de usinas que não levem em consideração as violações ambientais e até mesmo os direitos humanos, como no caso dos problemas que afetam a população indígena, pode ocorrer, desde que haja alteração na legislação.
O atual governo do presidente Jair Bolsonaro, inclusive, intensificou a aceleração de vários projetos de lei com o foco em eliminar o licenciamento ambiental, além de ter apresentado uma proposta que acabaria por liberar a exploração de terceiros em terras indígenas.
Vale ressaltar também os Planos Nacionais de Energia que o Brasil mantém periodicamente. O último, que vai até 2050, não faz menção as usinas mais polêmicas, como a de Babaquara, no rio Xingu.
Impactos ambientais causados por hidrelétricas
A energia hidrelétrica é considerada uma energia “limpa”, uma vez que não se manifesta por meio da queima de combustíveis fósseis, no entanto todo o processo de geração para que ela se estabeleça contribui para a emissão de dióxido de carbono e metano.
Esses gases possuem potencial de serem causadores do aquecimento global, que é um fenômeno em que há o aumento da temperatura média dos oceanos e atmosfera terrestre, intensificando o efeito estufa e impactando a flora e a fauna, além de vários outros espaços.
Além disso, há diversas outras questões de impactos ambientais causados e/ou agravados por usinas hidrelétricas, como:
- impactos na biodiversidade: há perda de espécies de plantas e animais, com a morte de organismos da flora onde o reservatório é formado, além de caracterizar em mudanças nos habitats destes;
- perda de solo: a região utilizada e inundada se torna inutilizável para outras finalidades, uma vez que a usina é construída com referência da vazão do rio e o desnível do terreno. Sendo assim, será armazenada uma quantidade de água enorme, o que também predomina uma área extensa para o reservatório;
- desequilíbrio na natureza dos rios: os rios são compostos por um equilíbrio dinâmico que vai desde sua descarga até a morfologia do leito. Esses reservatórios afetam essa relação, causando mudanças da geometria hidráulica do rio, tanto na área utilizada quanto em seu entorno;
- degradação da vegetação: com a emissão de gases de efeito estufa, dióxido de carbono e metano, há a degradação da vegetação alagada e também do solo;
- impactos de reassentamento: isso diz respeito a questões de realocação de pessoas urbanas e rurais, o que representa uma violação de direitos, além de haver a retirada da assistência da pesca e agricultura;
- prejuízos na saúde: maior índice de proliferação de insetos e aumento do processo de metilação de mercúrio, processo que o torna tóxico.