O projeto Terra Cura nasceu com o objetivo de recuperar áreas devastadas na Amazônia. Criado há quatro anos pela jornalista Luana Lopes, o programa promoveu o plantio de mais de mil árvores na região de Porto Velho. Os locais beneficiados são aqueles degradados pelo desmatamento. A maior parte do reflorestamento acontece nos arredores da cidade cenográfica de Jerusalém da Amazônia. No local, o desmatamento causou erosão às margens de um rio. Segundo a idealizadora do Terra Cura, o projeto foi pensado justamente após a verificação das erosões à beira dos rios. “Quando nos deparamos com esse problema, nos sentimos na obrigação de dar uma solução. Por isso, desenvolvemos o projeto Terra Cura para fazer a recuperação dessa área degradada e o reflorestamento”, contou Luana Lopes. Para a jornalista, a responsabilidade com o meio ambiente não é só uma questão ecológica, mas sentimental. Ela conta que cresceu na localidade e que ia muito aos rios com a família e amigos. “A nossa população tem um carinho enorme por cada vegetação e animais locais. Crescemos aqui e temos que preservar. O reflorestamento é uma maneira de ajudar esse lugar que tanto amamos”, afirmou Luana Lopes.

Desafiador

A criadora do Terra Cura conta que no início tudo era desafiador. Sem conhecimento técnico, os integrantes do projeto tiveram muitas dificuldades para fazer o replantio. Segundo ela, das 100 árvores plantadas, apenas 20 sobreviveram no solo da região. Mas a vontade de reflorestar era maior do que os desafios. Foi a partir da necessidade de ver o projeto dar certo que Luana começou a estudar a dinâmica do sistema. A partir daí, ela desenvolveu uma estratégia de agricultura, conhecida como sintrópica. “Foi a partir dos estudos e pesquisas que começamos a entender a dinâmica do sistema e a plantar árvores com possibilidades de se desenvolver de acordo com as condições do solo. A gente implantou um sistema agroflorestal e aí começamos a estudar sobre a agrofloresta”, explicou.

O que é agricultura sintrópica 

Imagem de plantação com sistema de agricultura sintrópica
Imagem de Brasil247
A agricultura sintrópica tem como proposta reordenar e restaurar o ambiente natural, criando um melhor local para plantio e possibilitando o crescimento saudável das árvores. Foi seguindo essa lógica que o processo de reflorestamento da área desmatada floresceu. As estratégias foram criadas a partir da integração de voluntários e de técnicos mais experientes ao projeto. O Terra Cura conta com um viveiro para doações de mudas. Também promove cursos florestais e de agro-construção, oferecidos à comunidade. Nos cursos, o cultivo de plantas é realizado na área de reflorestamento. O sucesso do projeto é tão grande que atrai diversos voluntários como Ana Alexandrina. Ela destaca a importância da participação de todos nesse processo. Por isso, convidou outras pessoas a fazerem parte da ação. “Achei importante convidar outras pessoas para aprender as técnicas de plantio. Quanto mais gente, melhor. Só assim faremos a diferença “, contou Alexandrina.

Desmatamento 

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Rondônia é um dos estados que mais tiveram detecção de focos de queimadas. Para Luana Lopes, do Terra Cura, o cenário só ressalta a necessidade de manter a floresta viva. Ela reforça que, para isso, uma das ações para é investir na conscientização e no reflorestamento. De acordo com o Inpe as áreas amazônicas mais críticas são:
  • Altamira e São Félix do Xingu, no Pará;
  • Porto Velho, em Rondônia;
  • Lábrea, no Amazonas.
Com o desmatamento, surgem as queimadas que acontecem na Amazônia de maneira associada à retirada ilegal de madeiras e ampliação de áreas para agropecuária. Somente no primeiro semestre deste ano, 60% dos focos aconteceram em área rurais. Dados do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) apontam que 50% deles ocorreram em fazendas de médio e grande porte e 10% em pequenas propriedades. Já as terras indígenas correspondem a 12% dos focos de calor.

Mais de 16 mil focos de incêndios

Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram registrados 16.333 focos de incêndios na Amazônia Legal somente neste ano. Em novembro, o Inpe apontou 153 focos ativos na região, superando o recorde anterior, de 2005. O acumulado de 2005 foi de 15.644 casos. Durante recente visita ao Amazonas, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, admitiu que há áreas de queimadas. Apesar disso, em entrevista, minimizou o problema citando a existência de uma “fogueirinha” O ministro criticou as divulgações das queimadas que, segundo ele, é feita de maneira irresponsável. “As informações sobre queimadas na Amazônia passam a impressão de que toda a Amazônia está em chamas. Isso é irresponsável”, ressaltou. Ele explica que há algumas áreas de queimadas, mas nada na extensão do que é divulgado pela imprensa. Dados do Inpe apontam que 45,6% dos casos de queimadas no Brasil ocorreram na região da Amazônia. De janeiro a setembro deste ano, o número de focos de queimadas registrados na Amazônia é o maior desde 2010, que apresentou 102.409 pontos. Já este ano, tivemos 76.030 no mesmo período de 2010.

Ação até 2021

O decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), publicado no “Diário Oficial da União no início de novembro, prorrogou a presença de tropas das Forças Armadas na Amazônia até 2021. Segundo o documento, as tropas permanecerão na região até 30 de abril do próximo ano. O decreto previa que a operação acabaria em junho, mas devido ao aumento das queimadas o prazo mudou para julho, depois para novembro e, agora, para 2021. Os militares fazem parte da Operação Verde Brasil, que garante ações de enfrentamento às queimadas na Amazônia Legal. O programa do governo federal tem como objetivo fazer ações preventivas e repressivas contra crimes ambientais. A operação também visa o combate ao desmatamento ilegal. Segundo o vice-presidente Hamilton Mourão, foram alocados R$ 400 milhões para a operação e ainda há R$ 180 milhões disponíveis. O Inpe divulgou dados que demonstram as perdas da Amazônia Legal. Segundo o Instituto, 964 km² de áreas da floresta estavam sob alerta de desmatamento em setembro deste ano, segundo maior registro em cinco anos. Todos os alertas foram feitos pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter). O Deter produz sinais diários de alteração na cobertura florestal para áreas maiores que 3 hectares, que registram áreas desmatadas e que estão em processo de degradação florestal.