Balanço do desmatamento na Amazônia em 2020

Conforme dados que foram divulgados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a taxa de desmatamento na Amazônia, compreendida no período de 1 de agosto de 2019 a 31 de julho de 2020, foi de 11.088 km² de floresta na região da Amazônia Legal.

Percebe-se que houve um crescimento de 9,5% se comparado com o mesmo período do ano anterior, que foi de aproximadamente de 10.000 km² de desmatamento. Além disso, os estados que mais desmataram a Floresta Amazônica foram:

  • Pará;
  • Mato Grosso;
  • Amazonas;
  • Rondônia.

Os valores foram divulgados pelo PRODES (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite), que há anos trabalha no monitoramento do avanço no desmatamento na Amazônia Legal.

Até o momento foi apresentada uma estimativa do nível de desmatamento, os dados consolidados serão divulgados até o fim do primeiro semestre do ano de 2021. No entanto, já é perceptível um aumento do desmatamento na Amazônia no atual Governo.

Diversos ativistas acusam a atual gestão de ser omissa quanto às causas ambientais, o que contribui para maior devastação da floresta e impunidade.            Com isso, é de ressaltar que o Brasil descumpriu o Acordo de Paris e a própria lei de mudanças climáticas, cuja ratificação se deu no ano de 2009.

Por outro lado, o aumento do desmatamento contribui para uma constante ameaça às populações locais, sobretudo à população indígena. Estas populações vivem em constantes ameaças por ações de grileiros e garimpeiros na região.

Entenda os números

Defensores ambientais afirmam que o aumento no número do desmatamento na Amazônia, no ano de 2020, se deu, sobretudo, pela sensação de impunidade que se valem os criminosos. De tal modo, os dados confirmam essa tese, visto que apontam que nos anos de 2019 e 2020 houve menos punições ambientais nos últimos 20 anos.

O Governo tem apostado em um desenvolvimento colonial, típico da década de 70. Com isso, não se preocupa com a adoção da bioeconomia pautada no desenvolvimento sustentável e na proteção das populações locais.

Acontece que ao adotar um modelo de economia arcaico e baseado na desproteção do meio-ambiente, faz com que o Brasil continue sendo um país capaz de exportar apenas commodities de pequeno valor agregado.

Por isso, é de se primar por soluções baseadas no respeito à floresta, aos povos indígenas e comunidades tradicionais. Adotar um modelo de desenvolvimento sustentável é o pontapé para que nosso país seja líder em um modelo de economia baseado na natureza e no desenvolvimento sustentável.

A destruição dos órgãos de proteção ambiental

Segundo o Greenpeace, o sucateamento dos órgãos ambientais e adoção de políticas contrárias ao meio-ambiente fez com que não houvesse a redução no nível desmatamento esperada para o ano de 2020.

“Foi perdida uma área sete vezes maior que a cidade de São Paulo de floresta desmatada. Conforme a estimativa do PRODES, foram perdidas três árvores para cada brasileiro. Era uma cenário esperado. Mas causa ojeriza a postura do governo em tentar maquiar a realidade ou fazer vista grossa”, afirma Cristiane Mazzetti, representante do Greenpeace.

As regiões que mais destacam no número de desmatamento são as regiões da BR-163 e da terra do meio do Pará. No Pará, por exemplo, já há alerta para áreas de proteção ambiental que estão sendo devastadas.

E mais alarmante e vindo para contribuir ainda mais para o aumento do desmatamento na Amazônia, os órgãos de proteção ambiental sofrerão um corte de 35% em seus orçamentos neste ano de 2021, em caso da aprovação da proposta apresentada pelo Governo ao Congresso Nacional.

É uma política totalmente contrária aos que os brasileiros almejam. Ou seja, contrária à preservação do meio-ambiente. Isso contribui para um desrespeito aos ideais democráticos e preservação do meio-ambiente para gerações futuras, conforme preconizado por nossa Carta Magna.

“A visão do Governo Bolsonaro é totalmente arcaica. É uma visão destoante da vontade dos milhões de brasileiros e que não condiz com o trabalho necessário para enfrentar as crises climáticas e problemas de biodiversidade. Os números mostram a ineficácia da gestão do atual Governo”, alerta a porta-voz do Greenpeace.

Conheça o PRODES

O PRODES (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite) entende como desmatamento a extração completa da cobertura vegetal primária por corte raso na floresta. Isso independe de uma futura reutilização da área devastada.

Como é sabido, grande parte do desmatamento na Amazônia é ocasionado por:

  • Crimes de grilagem de terra;
  • Cortes ilegais;
  • Garimpo clandestino.

Por meio da utilização de imagens de satélite Landsat ou equivalente, é possível quantificar áreas devastadas maiores que 6,25 hectares. Geralmente, a taxa consolidada é apresentada no meio do ano de 2021 depois de concluído o processamento das 229 localizações que recobrem a Amazônia Legal.

O Acordo de Paris

Mesmo completando cinco anos da assinatura do Acordo de Paris, a Amazônia no ano de 2019 (dados já consolidados) queimou mais que nos sete anos anteriores. E é de esperar que esse número aumente quando na consolidação dos dados efetivos atinentes ao ano de 2020.

Além disso, outro destaque negativo foi a extinção do Fundo da Amazônia. Este era uma grande cooperação internacional que angariava fundos para a preservação da Floresta Amazônica. Deste modo, contava com apoio de capital de países como a Noruega e a Alemanha.

Até o ano de 2015, quando na assinatura do Acordo de Paris, a taxa de desmatamento, na Amazônia, girava em 6 mil km². Já no ano de 2020, a taxa girou em 11 mil km² de desmatamento na região. Ou seja, os números praticamente duplicaram.

Com isso, dada a postura negacionista do atual Governo, a credibilidade do nosso país tem entrado em decadência na esfera internacional. Ademais, pode-se falar, inclusive, no descumprimento do que foi ratificado pelo Brasil no momento da assinatura do Acordo de Paris.

Se no passado nosso país figurava uma liderança climática, hoje, nossa agenda tem retrocedido. Isso acaba levando a um desgaste da nossa imagem na esfera internacional.

Por isso, mais do que nunca, é preciso mudar nossa gestão antes que seja muito tarde. Os números têm mostrado e, se nada for feito, podemos chegar a uma posição que não terá mais volta!


Informe aponta que Europa e EUA podem ter comprado madeira ilegal do Brasil e ainda estão

As madeiras ilegais extraídas da Amazônia brasileira estão sendo exportadas para os Estados Unidos e países da União Europeia. A informação é do grupo ambientalista londrino Earthsight. Segundo relatório divulgado pela instituição, a comercialização ocorre após suspensão das sanções governamentais a Indusparquet, maior exportadora de pisos de madeira do Brasil.

A empresa brasileira, que está crescendo nos Estados Unidos e na Europa, é acusada de estar vinculada ao desmatamento ilegal na Floresta Amazônica. Mas mesmo com as evidências, continua atuando no mercado.

O próprio Ibama foi responsável pela apreensão de mais de 1.800 metros cúbicos de madeira em uma filial da Indusparquet em 2018. O valor estimado chegava US$ 2,5 milhões. Na época descobriu-se que um agente do Ibama estava envolvido. De acordo com denúncias, ele ajudava madeireiros ilegais a "lavar" sua matéria-prima com a emissão de licenças falsificadas.

A partir de 2019, todas as acusações contra a empresa Indusparquet foram retiradas. Com isso, a multa de R$ 482,3 mil também foi anulada. Além disso, a nova gestão do Ibama liberou mais de 1.600 metros cúbicos de madeira apreendidas à exportadora.

Quando questionado, o órgão governamental alegou que os argumentos da Indusparquet foram convincentes. Segundo eles, o problema estava relacionado a um erro administrativo.

A empresa acusada negou qualquer irregularidade, lamentando ter sido envolvida em suspeitas infundadas. De acordo com o comunicado da Indusparquet, tudo não passou de interesses políticos.

Aumento das exportações

A Earthsight não está convencida com as alegações da empresa brasileira. Em um levantamento feito pela instituição ambiental foi identificada uma possível violação dos regulamentos de importação.

O relatório da organização londrina aponta que nos Estados Unidos, o volume de importação da Indusparquet apresenta aumento de 15% desde 2018. Entretanto, não é apenas o estado norte-americano que compra da Brasileira, países como França, Itália, Dinamarca e Bélgica continuam adquirindo madeiras, que podem ter como origem o desmatamento ilegal.

O diretor da Earthsight, Sam Lawson, mostrou-se indignado com a situação. Para ele, a solução está em impedir a chegada das madeiras ilegais aos portos internacionais. “Cabem aos governos dos Estados Unidos, França, Bélgica e outros construírem uma política para que madeiras retiradas de maneira ilegal de florestas tropicais não sejam comercializadas no mercado internacional. Isso vai reduzir os danos causados na Amazônia e preservar vidas”, afirmou Sam Lawson.

Várias empresas envolvidas

Não é de hoje que o mercado brasileiro se utiliza das madeiras ilegais para comercializar a outros países.

No ano passado, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal entraram em contato com países europeus solicitando cooperação para o combate a exportação e importação de madeiras originárias do desmatamento ilegal da Amazônia.

A cooperação visa identificar empresas estrangeiras que importam madeira ilegal do Brasil. O outro objetivo é que os países apliquem algum tipo de punição às indústrias, já que o que estão fazendo é crime ambiental.

O procurador Leonardo Galiano afirma que os países não são culpados pelas importações de madeiras ilegais, mas, sim, as companhias instaladas neles. O procurador é responsável pela operação Arquimedes, que tem como objetivo desarticular a rede de exportação ilegal de madeiras.

Segundo Galiano, as madeiras são de alto valor agregado, sendo utilizadas na fabricação de móveis, pisos e outros produtos. Apesar de não ter números precisos, a operação Arquimedes estima que até 90% das madeiras exportadas para a Europa e outros continentes são de origem irregular.

A cooperação internacional realizada pelo Ministério Público Federal e a Polícia Federal não tem apenas a Europa como alvo. Os responsáveis também dialogam com os Estados Unidos para que as punições também sejam adotadas. As tratativas com os norte-americanos estão avançadas e buscam uma solução eficaz para o problema.

Dados da operação Arquimedes

Em 2017, foram apreendidas pela operação Arquimedes cerca de 10 mil m³ de madeira. Só para se ter ideia da dimensão, se o volume fosse enfileirado, cobriria o percurso entre Brasília e Belém (1,5 mil quilômetros). O destino da carga era empresas instaladas nos Estados Unidos, e em países da Ásia e da Europa.

O que já foi feito?

  • Em 2020, foram compartilhadas provas da operação Arquimedes, com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos. O acordo, visava a repatriação da madeira ilegalmente exportada.
  • Durante a operação foi descoberto que o manejo sustentável de madeira tem sido usado para favorecer os criminosos. Eles utilizam o manejo como pano de fundo para extrações ilegais na Amazônia.
  • Os investigadores buscam o compartilhamento de provas com diversos países e montam equipes conjuntas para o levantamento das informações.

Dados sobre o desmatamento

Levantamento do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), apontam que 2020 foi o segundo pior ano de desmatamento na Amazônia Legal desde 2015. Os dados revelam que uma área de 8.426 km² foi completamente desmatada. Em primeiro lugar aparece o ano de 2019, que apresentou um recorde histórico de 9.178 km².

O responsável pelos alertas é o Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter). O sistema revela sinais de alteração na cobertura florestal para áreas maiores que 3 hectares.

O desmatamento causa muitos danos à Amazônia Legal, prejudicando a flora e a fauna. E é uma ameaça à vida humana. A Amazônia Legal corresponde a 59% do território brasileiro, abrangendo oito estados. São eles:

  • Acre;
  • Amapá;
  • Amazonas;
  • Mato Grosso;
  • Pará;
  • Rondônia;
  • Roraima;
  • Tocantins;
  • parte do Maranhão.

Durante todo ano de 2020 foram detectados recordes de desmatamento na área que deveria estar protegida. Julho foi o mês com maior índice de áreas sob alerta de desmatamento no ano: 1.658,97 km². Já outubro os alertas foram os mais altos para o mês desde 2015, quando o monitoramento começou.

Os meses de agosto e setembro não ficaram para trás. Na verdade, registraram os segundos piores índices dos últimos cinco anos: 1.358,78 km² e 964,45 km², respectivamente.

É para reduzir o crescimento do desmatamento ilegal que a Operação Arquimedes e organizações ambientais buscam a cooperação de vários países. Enquanto houver empresas importando as madeiras de extrações ilegais, mas risco sofre a floresta em desaparecer.