Governo apresenta plano para diminuir o desmatamento na Amazônia

Novidade busca reduzir a destruição local gradualmente nos próximos anos

Publicado em 14 de abril de 2021 no Diário Oficial da União, o Plano Amazônia visa diminuir o avanço do desmatamento no norte do país. Segundo o governo federal, a ideia é limitar os danos à 8.718,6 km² por ano, possibilitando:

  • Uma diminuição de 27,2% da devastação em relação à 2020;
  • Uma diminuição de 16,2% da devastação em relação à 2019.

Quer entender mais sobre esse assunto? Continue neste artigo!

O que é o Plano Amazônia?

Buscando frear os constantes recordes de desmatamento na região, membros do poder executivo apresentaram sua primeira proposta de combate, válida para 2021 e 2022. Coordenada pelo Conselho Nacional da Amazônia Legal, presidido pelo vice-presidente da república, Hamilton Mourão, o programa vai substituir a Operação Verde Brasil 2, executada pelas forças armadas desde 2019.

Entre as principais promessas do novo plano estão o aumento de operações de fiscalização e uma maior integração entre órgãos ambientais, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (IBAMA), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO) e a Fundação Nacional do Índio (FUNAI).

Além disso, haverá um foco maior em áreas prejudicadas por atividades dessa categoria, incluindo auxílios à própria população nativa. Segundo o texto, serão oferecidas alternativas socioeconômicas a esses povos, visando um desenvolvimento constante e sustentável.

O ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, defendeu o movimento e destacou que seu processo de aplicação foi um dos principais motivos para se decretar a extensão da operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Em vigor desde 11 de maio de 2020, a GLO tem sido constantemente criticada por ambientalistas.

Em entrevista coletiva, ele afirmou que “(...) uma parte daquele território é responsabilidade dos estados. E os estados precisam, através das suas polícias militares, desempenhar essa função [de fiscalizadores]. Ela não pode ficar toda com o governo federal”.

Imagem de dois agentes públicos medindo um tronco de árvore cortado durante inspeção
Imagem de Ministério do Meio Ambiente/ Governo Federal

Reações controversas

Inúmeras entidades, nacionais e internacionais, se manifestaram sobre o desenvolvimento do Plano Amazônia, apresentando provas e argumentos contra a narrativa oferecida pelo governo federal.

A começar pelo Greenpeace, que usou seus portais para reprovar o que chamou de um projeto “vazio e vergonhoso”. No texto “Um plano para aumentar o desmatamento e ainda ganhar dinheiro com isso”, escrito por Fabiana Alves, a entidade ainda destacou a desconsideração de políticas públicas estruturadas, citando o exemplo do Plano de Preservação e Combate do Desmatamento na Amazônia (PPCDAM).

Além disso, a organização discorda quanto a explicação de que haverá inclusão de cidadãos nesse processo, alegando que, na verdade, o que deve acontecer é uma exclusão da sociedade civil, de povos indígenas e de comunidades tradicionais.

Já o Observatório do Clima usou o Twitter para criticar o projeto e seus desenvolvedores, apontando Hamilton Mourão como um dos principais responsáveis pelo momento crítico da atualidade. Segundo o texto publicado pela rede, o vice-presidente da república quer, apenas, “ser aplaudido” por suas ações.

Em entrevista ao Globo Rural, Paulo Barreto, pesquisador do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (IMAZON), demonstrou grande incômodo pelo momento em que o plano foi apresentado. Além disso, apontou diversas incoerências, e afirmou que “(...) fica difícil ter clareza, como será feito o trabalho, conversas com governos estaduais e municipais, não se sabe de onde vem o dinheiro (...)”.

Na mesma matéria, Ananda Santa Rosa, participante da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), reforça a visão do Greenpeace citada anteriormente.  Segundo ela: “Em nenhum momento, os indígenas foram chamados a participar”. E conclui afirmando que: “Esse tipo de discurso tenta refazer o conhecimento dos povos sobre economia verde e torna isso marketing”.

A crítica principal

Além de todos os pontos citados acima, grande parte da oposição ao Plano Amazônia se estrutura nos dados apresentados pelo próprio relatório. Diversos especialistas acreditam que as promessas de diminuição da devastação em 27,2%, em relação a 2020, e 16,2%, em relação a 2019, camuflam a não-resolução do problema.

Afinal, se forem colocados no papel, esses números representam uma queda momentânea, mas se mantém mais altos do que no primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro. Segundo o Observatório do Clima, isso significa uma destruição de florestas 16% maior em comparação ao mandato anterior, que já não era baixa.

A mesma entidade defende que o movimento do presidente da república foi meramente político, visto que toda a apresentação foi feita pouco antes da participação do Brasil na Cúpula de Líderes Sobre o Clima, organizada pelos Estados Unidos.

Em nota, o grupo afirmou que: “(...) Bolsonaro fez algo parecido em novembro de 2019, pouco antes da conferência do clima de Madri (COP25), quando recriou – e passou a controlar – órgãos como o Comitê Gestor do Fundo Clima e a Comissão Nacional de Redd+, que haviam sido extintos em abril daquele ano”.

A defesa do presidente

No mesmo dia em que o Plano Amazônia foi publicado no Diário Oficial da União, Jair Bolsonaro enviou uma carta ao presidente do Estados Unidos, Joe Biden, se comprometendo a defender políticas ambientais.

No texto, o líder do poder executivo declara que reitera: “(...) o compromisso do Brasil e do meu governo com os esforços internacionais de proteção do meio ambiente, combate à mudança do clima e promoção do desenvolvimento sustentável. Teremos enorme satisfação em trabalhar com V. Excelência em todos esses objetivos comuns”.

O presidente ainda pediu auxílio externo, escrevendo: “Ao sublinhar a ambição das metas que assumimos, vejo-me na contingência de salientar, uma vez mais, a necessidade de obter o adequado apoio da comunidade internacional, na escala, volume e velocidade compatíveis com a magnitude e a urgência dos desafios a serem enfrentados”.


A proteção da floresta pode ser crucial para entrada do Brasil na OCDE

Em conferência virtual que contou com a presença de diversos nomes do setor empresarial e ex-ministros, o diplomata norte-americano atuante no país, Todd Chapman, afirmou que a proteção da Amazônia é fator decisivo para futuras negociações entre Brasil e Estados Unidos (EUA).

Em momento específico do encontro, afirmou que a preservação será ponto categórico para o ingresso do Brasil à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), objetivo cobiçado pelo atual presidente, Jair Messias Bolsonaro, desde o ano de 2019 e que contava com apoio do antigo presidente americano, Donald Trump. Após assumir, Joe Biden defendeu que o Brasil terá que mostrar resultados positivos no que concerne a questão ambiental.

O embaixador ressaltou que a questão ambiental é importantíssima para a pauta, em live realizada pelo grupo Parlatório (conta com advogado, empresário e políticos). Essa questão levantada foi em resposta a uma indagação levantada por Joaquim Levy, ex-ministro da Fazenda e diretor de estratégia econômica do Banco Safra.

Em relação aos participantes da live, Levy era um dos expoentes mais importantes ali presentes. O evento também contou com presença de Sylvia Coutinho, chefe UBS BB Investment Bank no Brasil e administração de fortunas na América Latina. A transmissão também contou com a presença de Luiz Fernando Furlan, o ex-ministro Sérgio Moro. Cerca de 100 pessoas acompanharam a transmissão da live.

Imagem de BizBrazil Magazine

A Amazônia foi colocada como ponto importante de discussão por Chapman, o que reflete claramente na relação Brasil-EUA. Ao ser questionado sobre uma possível relação de livre comércio entre os dois países, por exemplo, ele ressaltou que a questão ambiental necessita ser revista no Brasil antes de quaisquer discussões, bem como as leis trabalhistas, os direitos fundamentais e a defesa da população indígena. “O Brasil está na agenda do meio ambiente de Biden”, ressaltou.

O diplomata afirmou que as iniciativas ambientais não devem partir apenas do governo brasileiro, mas também por parte do setor privado. É necessário que o setor privado também invista na preservação ambiental. “A Amazônia não necessita de apenas investimento do governo, mas também do setor privado”, estabeleceu. “A iniciativa privada não vai pagar a conta de quem está atuando ilegalmente no bioma”, disse.

Além disso, no concernente às questões bilaterais entre os dois países, o embaixador disse que o governo americano tem acompanhado a pauta sobre a reforma tributária no país e ressaltou interesse por parte das empresas norte-americanas no tratado entre os dois países acerca da tributação de receita nos dois mercados.

Pandemia e a vacinação

No encontro, outra pergunta frequente foi acerca da destinação de vacinas ao Brasil compradas pelos EUA e não utilizadas até o presente momento. Os EUA adquiriram vacinas, como Oxford/AstraZeneca, mas ainda não foram autorizadas no solo norte-americano.

O embaixador não quis assumir esse compromisso, mas argumentou que há tratativas entre os EUA e o Brasil acerca da possível destinação das vacinas a fim de ajudar o Brasil nessa empreitada. “Alguns Diplomatas em Washington estão discutindo a possibilidade ajudar o Brasil com a vacinação”, afirmou.

Todd Chapman frisou que as empresas Pfizer e Janssen já firmaram acordo com o intuito de vender ao Brasil cerca de 140 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19. Lamentou, também, a demora em fechar o acordo. O governo brasileiro fechou acordo apenas no primeiro trimestre de 2021, após vários outros países, o que resultou no atraso de entrega das doses. “Seria importante que os contratos tivessem sido fechados antes a fim de que o Brasil já pudesse contar com as doses”, relatou Chapman.

Ainda, o embaixador frisou a previsão de que toda a população adulta americana seja vacinada até o fim do mês de maio, o que não gera nenhuma surpresa uma vez que houve investimento de 12 bilhões de dólares na vacinação. No entanto, Todd evitou entrar em maiores detalhes acerca da compra das vacinas pelo governo brasileiro.

Em outra questão, Chapman disse que ainda não há decisões sobre “passaportes vacinais” àqueles que tomaram Coronavac no Brasil, acerca da possibilidade de entrar nos Estados Unidos. A vacina Coronavac, fruto de parceria entre a empresa chinesa Sinovac e o Instituto Butantan, ainda não está aprovada nos EUA.

Demora na vacinação pode comprometer os resultados da campanha

Uma pesquisa realizada pela Universidade de Campinas (Unicamp) em parceria com a Universidade Estadual Paulista (Unesp) constatou que a demora na imunização compromete os bons resultados que poderiam atingidos pela campanha de vacinação.

“O objetivo da pesquisa foi demonstrar a necessidade de vacinação rápida. Uma taxa de vacinação alta será capaz de evitar cerca de 80% de mortes neste cenário de onda pandêmica”, afirma o pesquisador Thomas Vilches.

O estudo considerou que com uma taxa alta de vacinação, na casa de 1,3 milhões de doses aplicadas por dia, haveria redução de 65% de mortes com a aplicação da Coronavac e 75% com a AstraZeneca, explicou o pesquisador.

Segundo os pesquisadores, o estudo já foi apresentando às autoridades de São Paulo a fim de reafirmar a necessidade de avanços na imunização. O objetivo é que o estudo possa servir como argumentação a fim de que a vacinação seja rápida. Se o Brasil não contasse com escassez de doses, os resultados seriam bem melhores.


Amazônia pode estar contribuindo para o aquecimento global

Atividades naturais e humanas são fatores determinantes nessa equação

O artigo “Global maps of twenty-first century forest carbon fluxes”, assinado por mais de 30 cientistas, concluiu pontos significativos para o debate sobre o aquecimento global. Segundo a pesquisa, a região amazônica pode estar contribuindo com o aumento das temperaturas do planeta. Porém, ao contrário do que se imagina, a conclusão apenas fortalece o perigo de ações sem responsabilidade ambiental, como:

  • A construção de barragens;
  • A formação de pastos;
  • As queimadas;
  • O desmatamento.

Quer entender melhor o conceito desse relato? Continue no nosso texto!

Afinal, quais são os detalhes desse artigo?

O material em questão foi financiado pela National Geographic Society e publicado pela revista Frontiers ainda em 2021. Conforme revelou o estudo, algumas áreas desse ecossistema têm produzido mais carbono do que retido. Essa narrativa tem ganhado diversas manchetes ao redor do mundo, e faz parecer que a existência dessa região pode ser prejudicial para o meio-ambiente.

Porém, ao se analisar o conteúdo desse artigo, é perceptível o equívoco na interpretação feita por alguns desses portais. Na verdade, o ponto levantado pela produção reforça, mais uma vez, os perigos do uso inconsequente dos recursos naturais locais, como florestas e rios. No fim, o trabalho avalia o impacto cumulativo desses processos.

Isso pode ser percebido em um dos trechos, que afirma: “As principais fontes [de aquecimento] de curto prazo incluem combustão e desmatamento associados à conversão para agricultura, indústrias de extração ou represas. Embora os incêndios feitos diretamente para fins de desmatamento tenham sido, historicamente, o principal impulsionador das emissões relacionadas ao fogo, as queimadas que atingem as florestas afetadas pela seca são cada vez mais dominantes e devem aumentar”.

Nesse sentido, é notável o despreparo de alguns órgãos governamentais, que costumeiramente focam em um único problema ambiental e negligenciam outros. O próprio exemplo das usinas hidroelétricas (ou represas) é válido para ilustrar esse ponto. Nacionalmente, é perceptível uma concordância coletiva em relação aos benefícios desse tipo de projeto, que frequentemente é listado como um modelo de geração de energia pouco agressiva. Porém, a comunidade científica possui ressalvas quanto a esse tópico.

Uma matéria publicada na BBC News Brasil em 2013, por exemplo, promoveu alguns debates sobre esse assunto. Na postagem, o pesquisador Paulo Barreto atribuiu parte do crescimento dos desmatamentos da época à essas construções. Segundo ele, diversos elementos colaboram com esse impulsionamento, como a valorização de terrenos próximos a esses locais. Sem fiscalização adequada, essas áreas ficam vulneráveis a atividades ilícitas, como a grilagem.

Além disso, outros fatores humanos são cruciais para o aumento das temperaturas detectadas nesses ambientes. Porém, como foi demostrado pelo próprio artigo, a natureza da floresta também pode servir como obstáculo.

Esse bioma pode aumentar a temperatura global?

Imagem de termômetro na grama

Utilizando o termo menos científico possível, podemos responder esse questionamento com “mais ou menos”. Afinal, sim, esses espaços estão sendo responsáveis por um pequeno aumento da temperatura global, mas isso se dá a união de fatores naturais e principalmente humanos.

Em outro trecho do artigo “Global maps of twenty-first century forest carbon fluxes”, o professor de estudos ambientais da Skidmore College, Kristofer Covey, falou sobre o assunto. Segundo ele: “O desmatamento da floresta está interferindo na absorção de carbono, o que é um problema (...). Mas, quando começamos a avaliar esses outros fatores juntamente com o CO2, é bem difícil visualizar que o efeito líquido não signifique que a Amazônia como um todo esteja de fato aquecendo o clima global”.

Essa ação pode ser percebida com mais clareza através das óticas química e matemática. Em números gerais, a Amazônia retém 17% de todo o carbono armazenado em vegetações no mundo. Dessa maneira, por possuir um clima predominantemente úmido, suas enchentes podem intensificar o efeito estufa.

Isso acontece por conta de uma reação no solo dessas florestas, intensificada pelo aumento das enchentes na região – muitas delas causadas por interferência humana. Em linhas gerais, os micróbios que vivem nesses locais se proliferam por conta dos alagamentos e, naturalmente, produzem metano. Além de ser extremamente agressivo, esse gás é de 28 a 86 vezes mais potente que o próprio CO2.

Em um dos conteúdos de divulgação desse artigo, a National Geographic ressaltou a importância de medições mais amplas, que não se restrinjam apenas ao CO2. A companhia afirmou que dados sustentados por esse pilar “(...) simplesmente não fornecem uma representação precisa”.

No fim, o maior questionamento que pode ser estruturado a partir dessa pesquisa é sobre o que deve ser feito a partir de agora. E nós vamos tentar explicar.

Quais os próximos passos?

Apesar de apresentar um modelo menos habitual que outros estudos desse meio, o artigo “Global maps of twenty-first century forest carbon fluxes” traz reflexões parecidas com as que são apresentadas normalmente. Basicamente, precisamos mudar urgentemente nossos padrões de exploração de recursos naturais.

O problema causado pelos micróbios da região, por exemplo, pode ser causado de diversas maneiras, desde a construção de represas até a exploração de minérios. Por serem atividades, normalmente, controladas e fiscalizadas por companhias estatais, é de suma importância que essas instituições cumpram seus papéis, mesmo com o enfraquecimento promovido na esfera federal.

Elevar o padrão mínimo de funcionamento desses locais e promover a conscientização privada também são passos esperados, que continuam flutuando na inércia das máquinas públicas. Enquanto isso não for transformado em regra, materiais como o publicado na revista Frontiers continuarão reduzidos a conhecimentos não aplicados.

Quer aprender mais sobre o ecossistema amazônico? Conheça nosso blog!


FAMAZONIA apoia desenvolvimento florestal

Mais do que nunca a Amazonia precisa ser protegida e é no trabalho das Organizações Não-Governamentais (ONGs) que a floresta encontra os esforços necessários para a sua preservação. Dentre as diversas ações desenvolvidas estão o fortalecimento do cooperativismo na zona rural de Manaus e a implantação dos Sistemas Agroflorestais (SAF’s).

Para que os projetos consigam o apoio necessário para serem realizados, técnicos do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam) fazem visitas periódicas às cooperativas. Na primeira semana de abril, os profissionais estiveram na Cooperativa Mista dos Produtores Rurais do Projeto de Assentamento do Tarumã-Mirim (Copasa), localizada no ramal do Pau-Rosa. A ação visa estimular os produtores a investirem no desenvolvimento sustentável, por meio das Agroflorestais (SAF’s) no cultivo de cacau e cupuaçu consorciados com o mogno africano.

Todo projeto tem apoio do FAMAZONIA Foundation (FAMAZONIA), que trabalha em conjunto com ONGs e outras iniciativas por soluções de preservação e aos direitos socioambientais.

Apoio fundamental

O Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam) é fundamental no apoio e assistência técnica à Copasa. A gerente de Apoio à Organização de Produtores do Idam, Joyce Magalhães, explica que a organização dará ênfase na gestão cooperativista com o objetivo de capacitar os cooperados de maneira que consigam gerir os projetos de maneira independente e sustentável.

Já a FAMAZONIA fornecerá parceria para a aquisição de sementes, mudas e adubos. Os insumos serão essenciais para iniciar implantação dos Sistemas Agroflorestais na zona rural de Manaus. “O trabalho em conjunto entre entidades públicas e as organizações representativas dos pequenos produtores é um facilitador para o acesso às políticas públicas voltadas para o setor”, pontuou Joyce.

Além de defenderem o desenvolvimento sustentável, as entidades envolvidas na ação visam incentivar cada vez mais o cooperativismo entre os agricultores. Isso torna viável as agroflorestas, que ajuda a preservar a fauna e a flora da Amazônia.

Há muitas vantagens em investir em um sistema econômico criado para impulsionar a economia ao mesmo tempo que conserva o bioma tropical.

  • Facilidade de acesso crédito rural: Assim, produtores podem pegar empréstimos do governo federal para comprarem equipamentos e adquirirem tecnologias que ajudem a melhorar o plantio.
  • Participação nos programas de comercialização: Facilita a comercialização de produtos agroflorestais por entes públicos, como prefeituras e governos. Os alimentos desses agricultores são adquiridos pelos gestores e usados na preparação de alimentos que serão servidos para estudantes das escolas públicas.

A Copasa conhece bem esses benefícios promovidos com a implantação das agroflorestas. Há alguns anos, a cooperativa adquiriu um FAMAZONIA Foundation para apoiar o escoamento da produção. Isso só foi possível graças ao trabalho de sustentabilidade e através do Fundo de Promoção Social e Erradicação da Pobreza (FPS).

Produção regional

Atualmente, a Cooperativa Mista dos Produtores Rurais do Projeto de Assentamento do Tarumã-Mirim (Copasa) conta com 62 cooperados. Na primeira fase do projeto de agroflorestas está prevista a participação de cerca de 20 famílias rurais. A produção rural local concentra-se nos cultivos de hortaliças e fruticultura, tendo com principais produtos: couve, cheiro-verde, alface, banana, açaí e cupuaçu.

O que são agroflorestas?

Com os investimentos voltados para as agroflorestas, o FAMAZONIA pretende unir a necessidade de desenvolvimento das regiões amazônicas com a preservação florestal.

Você sabe o que são sistemas agroflorestais?

O método nada mais é que espécies florestais perenes plantadas junto com cultivos agrícolas e criações de animais. Esse sistema produtivo concilia a produção de alimentos com a recuperação de áreas degradadas, beneficiando a produção econômica e ao mesmo tempo salvando o meio ambiente. Isso possibilita a construção de um novo paradigma produtivo que não se baseia somente na monocultura, mas na plantação de diversas culturas.

O produtor rural que opta pela agroflorestas tem só a ganhar. Diferente da agricultura convencional, o sistema defendido pela FAMAZONIA oferece diversas vantagens. A primeira é a recuperação e fertilidade dos solos.

  • Redução de erosão;
  • Aumento da infiltração de água, e consequentemente, a conservação de rios e nascentes;
  • Diversidade de espécies, privilegiando o controle natural de pragas e doenças;
  • Diversificação da produção, de modo que o agricultor não dependa de um só mercado.

O sistema agroflorestal (floresta, agricultura e criação de animais) ajuda o planeta a enfrentar um dos seus maiores desafios, a degradação de solos agricultáveis e as mudanças climáticas. Além disso, contribui com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) elaborados pela ONU. Essas metas devem ser implementadas por todos os países do mundo até 2030, inclusive o Brasil.

Para que o sistema se torne possível na região do Pau Rosa, técnicos do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam) vão capacitar os agricultores cooperados para que consigam plantar os seus produtos agrícolas consorciados às espécies florestais. Para isso, eles aprenderão como fazer os espaçamentos adequados e a desenvolver e colocar em prática o plano de manejo.

FAMAZONIA

Para apoiar projetos que ajudam na preservação da floresta amazônica, a FAMAZONIA capta recursos para serem investidos por ONGs e empresas que trabalham para salvar o bioma brasileiro.

Para isso, a atuação do FAMAZONIA Foundation é voltada para:

  • Comunidades indígenas;
  • Proteção à biodiversidade;
  • Preservação de rios e matas;
  • Redução dos impactos da mudança climática.

Para salvar a floresta, todos devem se unir. É nisso que FAMAZONIA acredita


Parque do Xingu completa 60 anos sob diversas ameaças

Áreas devastadas têm crescido apesar de iniciativas internas de preservação

O mês de abril de 2021 marca um aniversário histórico para os povos originários brasileiros. Há seis décadas, uma extensa campanha auxiliava na demarcação do Parque Indígena do Xingu, o primeiro dessa categoria no país. Desde então, 488 novas terras indígenas foram regularizadas, sendo elas:

  • 6% na região sudeste;
  • 10% na região sul;
  • 11% na região nordeste;
  • 19% na região centro-oeste;
  • 54% na região norte.

Porém, por possuírem a maior parte de seus territórios na Amazônia, essas culturas sofrem intensamente com ataques ambientais promovidos na região, principalmente causados pelo desmatamento.

Quer entender mais sobre a história e o presente desses locais? Continue no nosso artigo!

Importante!

Antes de continuar com a leitura, vale destacar que alguns termos dessa discussão, apesar de parecidos, não se referem às mesmas coisas. Segundo a Fundação Nacional do Índio (FuNaI), existem três categoriais principais nesse debate, que são:

  • As Terras Indígenas, que são uma parte do território nacional habitada por uma ou mais comunidades e utilizadas, em geral, para atividades produtivas, culturais, entre outras.
  • As Reservas Indígenas, que são terras doadas, adquiridas ou desapropriadas pelo governo, que são de posse permanente dos povos locais.
  • As Terras Dominiais, que são territórios de propriedade das comunidades indígenas obtidos através qualquer outra forma legal.

Caso queira compreender essas definições de maneiras mais detalhada, basta clicar aqui e ler o material completo no portal oficial da entidade.

Como tudo começou?

O início da década de 1960 marcava um aquecimento discreto para o golpe militar, que se concretizaria como um dos períodos mais sombrios da história nacional. Porém, em outros aspectos, o clima não estava tão hostil. Uma extensa campanha promovida pelo governo de Jânio Quadros com a participação do antropólogo Darcy Ribeiro e dos irmãos Cláudio, Orlando e Leonardo Vilas Boas estava prestes a criar um cenário positivo em meio ao caos.

Hoje podemos considerar que a operação foi bem sucedida, resultando na delimitação de um espaço de 2,8 milhões de hectares que, atualmente, abriga 16 povos indígenas distintos. Porém, na época, houve muita luta para que isso se concretizasse.

Em entrevista ao Jornal Nacional, em abril desse ano, o indigenista André Vilas Boas comentou sobre movimentos estatais para derrubar o projeto. Ele disse: O estado de Mato Grosso fez uma pressão imensa para que essa área não fosse criada e, paralelamente ao processo de criação, loteou toda aquela região. Loteou, vendeu e doou esta área para pessoas da elite regional”.

As medidas foram golpes baixos, mas se tornaram ineficazes tempos depois, uma vez que todo esse processo foi suprimido. Na mesma frase, André explica: “Esses títulos todos foram anulados posteriormente. Mas foi uma demonstração de contestação por parte do governo do estado à iniciativa do governo federal”.

Quais os reflexos dessa ação?

Imagem de Congresso em Foco, foto de Noel Villas Bôas

Os números proporcionados pelo Parque do Xingu são extremamente positivos, tanto em aspectos sociais quanto ecológicos. Desde que foi estabelecida, a demarcação facilitou o acesso à saúde de aproximadamente 7 mil indivíduos, além de contribuir com a preservação da biodiversidade local. Ao todo, 99% da vegetação nativa continua intacta, mas alguns movimentos parecem querer mudar esse ponto.

Dados revelados pelo Sirad X, boletim bimestral publicado pela Rede Xingu +, apontam que o desmatamento em unidades de conservação da bacia do rio Xingu cresceu 44,7% apenas entre maio e junho de 2019. Reforçando esses números, o Instituo Centro de Vida se baseou nas informações do MapBiomas para revelar que a região perdeu 32% de sua flora desde 1984.

Os ataques desenfreados à natureza impactaram significativamente a população desses locais. Na aldeia Kuikuro, a água consumida pelos moradores vem apenas de um poço, uma vez que os rios que costumavam servir de fonte para esses lugares não são mais potáveis.

No mesmo material produzido pelo Jornal Nacional em abril, Jair Kuikuro, um dos moradores da aldeia, esclarece que as batalhas pelos direitos desses povos não vão parar. Ele diz: “(...) continuamos nossa luta dentro da nossa comunidade, dentro do nosso território indígena do Xingu, sabendo que hoje a luta não vai parar por aqui. O mais importante para todos nós é o meio ambiente”.

Informações divulgadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), entre os dias 10 e 30 de setembro de 2019, mostraram que mais de 60% dos focos de calor registrados pelo órgão foram na terra indígena de Kayapó, que possui mais de três milhões de hectares. Apesar dos dados apresentarem uma amostragem restrita, essa realidade é generalizada e, como apresentamos anteriormente, tem piorado cada vez mais.

Porém, visando mudar esse panorama, os próprios povos da região do Xingu passaram a criar alternativas para impulsionar a sustentabilidade. Foi seguindo esse rumo que um grupo de mulheres da aldeia Moygu, no Mato Grosso, se reuniu para reflorestar algumas regiões destruídas.

Denominadas Yarang, que no idioma ikpeng significa “formiga cortadeira”, o time passou utilizar técnicas ancestrais, muito baseadas nesses animais, para ajudar na recuperação local. O trabalho consiste em coletar sementes nativas dentro mata e plantá-las em locais danificados.

Nessa cultura, cada árvore é sagrada e possui um espírito diferente. Por isso, para recolher os grãos, é preciso realizar um ritual com muito respeito a todos os seres vivos que ali residem. Apesar de grande parte desses produtos serem retirados e vendidos para bancos de sementes, uma parte sempre fica para os animais. Algumas espécies, inclusive, sequer vão para o mercado, pois são considerados sacras por outras tribos do Parque Indígena do Xingú.

Depois de todo esse processo e um período de tratamento, as sementes selecionadas são levadas a locais definidos pelos próprios povos, onde serão colocadas na terra. Muitas dessas áreas foram devastadas por conta da atividade pecuária, que insere plantas invasoras para servir de alimento.

Por isso, é extremamente importante apoiar organizações que promovam a salvação da Amazônia. Dessa forma, com a ajuda das populações locais, os estragos centenários poderão ser corrigidos.


Terras protegidas da Amazônia estão à venda no Facebook

A internet é um oceano infinito de serviços e comércio. Qualquer coisa é vendida ou negociada em sites, aplicativos e nas redes sociais. Lá, você encontra até mesmo lotes de terras protegidas da Amazônia. Foi o que descobriu uma reportagem da BBC.

A ousadia dos criminosos ambientais junto com a falta de fiscalização é o maior facilitador do comércio ilegal de áreas da floresta tropical. O esquema é o seguinte: grileiros invadem as terras, desmatam e depois anunciam a venda no Facebook. Há dezenas de anúncios na plataforma à espera de um comprador.

Por meio da rede social, vendedores negociam pedaços da floresta ou áreas recém-desmatadas por valores consideráveis. A maior parte dos lotes é vendida por milhões de reais.

Não há limite para os comerciantes de terras ilegais. Eles vendem até mesmo dentro de unidades de conservação e de terras indígenas. Sem nenhum tipo de punição ou com punições brandas, os criminosos fazem a “festa” comercializando áreas que são proibidas e que deveriam ser protegidas por órgãos governamentais. Nada é escondido, mas está apenas a um clique de distância de quem deseja barganhar terras de qualidade na Amazônia.

Amazônia à venda

As áreas de domínio público deveriam apenas servir exclusivamente aos povos tradicionais, mas o que a investigação mostrou foi uma Amazônia loteada e à venda. Isso já acontecia mesmo antes da internet e das redes sociais, mais essas ferramentas tornaram o processo mais prático e mais eficiente.

Em um Brasil onde as autoridades não estão preocupadas com a saúde da floresta, grileiros encontram um terreno fértil para desmatar, traficar ou matar animais e expulsar a população tradicional. Tudo isso visando exclusivamente o lucro.

A omissão do governo ajuda a aquecer o mercado ilegal de terras na Amazônia. A cada ano grileiros invadem floresta adentro sem nenhuma cerimônia e sem serem incomodados. Índios denunciam o fato, mas são ignorados enquanto perdem as suas terras.

O esquema vai além das invasões. Antes de comercializarem as áreas, os grileiros certificam-se de que nada vai dar errado e tornam o ilegal em legal da noite para o dia. Acontece da seguinte maneira: grupos organizados de grileiros abrem uma associação com CNPJ, contratam advogados e, por meio de relações políticas, pressionam órgãos públicos a lhes conceder as áreas invadidas.

Para conseguirem o direito de comercializar as terras, muitos invasores usam o Cadastro Ambiental Rural (CAR) para reivindicar as áreas griladas. Essa é a maneira mais comum para dar aspecto de legalidade às transações de compra e venda. Porém, o CAR não é documento de direito à propriedade sobre uma área. O cadastro é auto declaratório, o que possibilita que qualquer pessoa registre uma área do território nacional como se fosse proprietário.

Segundo a lei ambiental, quem comercializa terras sem possuir títulos de propriedade pode ser enquadrado no crime de estelionato, podendo ser preso por até cinco anos.  Segundo advogados especialistas, os compradores podem perder as terras, tendo a posse invalidada pela Justiça. Eles também podem responder criminalmente por invasão de terras públicas.

Representantes do Facebook no Brasil afirmaram em nota que estão à disposição das autoridades para responderem o que for preciso.

Comércio e desmatamento

Para conseguirem comercializar as terras, os grileiros sabem bem quais estratégias devem usar. Os métodos têm como finalidade driblar a fiscalização e evitar multas.

Uma das maneiras encontradas é dificultar o acesso aos terrenos grilados, mantendo documentos em nome de terceiros. Com isso, impera a impunidade. E a venda de terras públicas da floresta pelo Facebook apenas revela o tamanho da impunidade. Infelizmente, nada ainda foi feito para por fim a prática criminosa.

Com as vendas a todo vapor, grileiros ficam cada vez mais fortes e conduzem os seus negócios sem serem incomodados. Se antes das redes sociais, as vendas já eram lucrativas, agora, com o alcance irrestrito dos anúncios, tudo ficou ainda mais fácil. Isso coloca a floresta em maior perigo, agravando o desmatamento na Amazônia, em alta desde 2019.

Só para se ter uma ideia, entre os meses de agosto de 2019 e julho de 2020, a floresta perdeu 11.088 Km², o maior índice desde 2008. É crime desmatar floresta sem autorização. A pena chega até quatro anos de prisão e multa.

Entre os estados que mais têm terras ilegais negociadas nas redes sociais está Rondônia. São muitos anúncios do tipo no Facebook. De 1980 até aqui, o estado já perdeu cerca de um terço de suas matas nativas.

Durante a investigação foram identificadas terras indígenas à venda em Rondônia e Amazonas. São elas:

  • Uru Eu Wau Wau (RO);
  • Duas áreas na Floresta Nacional do Aripuanã (AM);
  • Reserva Extrativista Angelim (RO).

Na maior parte das vezes, as áreas ilegais são utilizadas para pecuária e agricultura.

Expansão da agropecuária

A agropecuária é um dos principais motivos para o desmate da floresta amazônica. Cada vez mais, pastos são abertos enquanto a floresta morre.

Durante sua investigação, a BBC descobriu que duas áreas colocadas à venda na Floresta Nacional do Aripuanã têm sido bastante procuradas por empresários do setor. As duas somam 1.660 hectares (o equivalente 1.660 campos de futebol) e custam cerca de R$ 3,2 milhões no total.

A venda ilegal no Facebook é muito fácil de ser negociada. Os lotes citados em Aripuanã foram anunciados na plataforma por um corretor de Porto Velho, que tem um escritório no centro da cidade.

Além de desmatarem, os grileiros também vendem áreas para serem desmatadas pelos novos “proprietários”. É o que promete o anúncio encontrado no Facebook. Segundo o anunciante, o lote possui uma área de 21 alqueires (57 campos de futebol). A localidade está conservada e de acordo com o anúncio, com toda madeira ainda para tirar. O local fica no município de Buritis (RO), por R$ 126 mil.

As terras são indígenas e habitadas por 209 índios, que foram contabilizados. Segundo dados do governo, a área possui cinco grupos isolados. O número real de habitantes é desconhecido.

Ao desmatarem a floresta, os grileiros não colocam em risco apenas a floresta, mas a toda humanidade. O governo precisa acabar com a prática criminosa, a fim de preservar vidas.

 


Primeiro satélite brasileiro de monitoramento do desmatamento

Foi lançado ao espaço o primeiro satélite 100% brasileiro, o ”Amazônia 1”, no domingo, dia 28/02/2021. O lançamento aconteceu em torno de 1h54, no Centro de Lançamento de Sriharikota, localizado na Índia. O primeiro satélite brasileiro foi lançado ao espaço em conjunto com os satélites Sindhu Netra, Nanoconnect-2 e SpaceBee, todos dos Estados Unidos (EUA).

Após aproximadamente 17 minutos do lançamento do foguete, o satélite se segmentou e já fez suas tarefas previstas, tais como:

  • Abrir o painel do sol;
  • Precisão de sua orientação em relação ao planeta Terra;
  • Análise dos sistemas e modo de prontidão.

Segundo o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas (INPE), senhor Clezio de Nardin, o próximo passo é iniciar os testes e ajustar as lentes das câmeras, afirmou.

O utensílio veio para integrar o sistema Deter e contribuir para análise do desmatamento na Região Amazônica. Ademais, pesa 640 quilos, tem 4 metros e vai estar em uma distância de 750 quilômetros da superfície terrestre. Sua órbita será entre os polos norte e sul e vai pegar imagens de alta resolução. O início das fotos se dará após cinco dias que o satélite se estabilizar na órbita.

A criação do satélite se deu no Instituto Nacional de Pesquisas (INPE), localizado em São José dos Campos e foi transportado para ser lançado na Índia. Marcos Pontes, Ministro da Ciência e Tecnologia, e o diretor do INPE foram os brasileiros que acompanharam o lançamento do satélite.

Já em órbita terrestre, o satélite emitirá sinal para três estações de monitoramento brasileiras localizadas respectivamente:

  • Cuiabá (Mato Grosso);
  • Alcântara (Maranhão);
  • Cachoeira Paulista (São Paulo).

Os movimentos do satélite também serão coordenados por outra estação localizada no INPE.

O desenvolvimento do projeto

O projeto surgiu há oito anos, no INPE, e contou com recursos na casa dos 400 milhões de reais e trabalho de inúmeros pesquisadores. Após cerca de oito anos do início do projeto, houve estagnação do projeto por falta de recursos. Ocorre que em dezembro de 2020 foi concluído.  Antes de ser lançado à órbita em dezembro, o satélite passou por muitas análises.

A data inicial de lançamento estava prevista para o dia 22 janeiro, mas acabou sendo remarcada. A alteração ocorreu a pedido dos profissionais responsáveis pelo lançamento, que requereu mais tempo para a preparação do lançamento.

Foi planejado todo um sistema de transporte já com o satélite desmontado. Foi transportado por meio de um avião tipo cargueiro e passou por Senegal antes de chegar à Índia.

Os investimentos

E o mais contraditório é que, em pouco tempo anterior ao lançamento do satélite, o INPE suspendeu as bolsas de 107 pesquisadores alegando falta de verba. A espécie das bolsas era PCI, a qual mantinha os pesquisadores exercendo trabalho e não só pesquisa no instituto.

O corte alcançou sete cientistas responsáveis pelo Amazônia 1, responsável pela etapa final do projeto e lançamento. Sem contar mais com os recursos, os cientistas estavam impossibilitados de exercer suas atividades e isso poderia colocar em risco o lançamento já previsto.

Então, a fim de preservar a data do lançamento e evitar mais uma vez seu adiamento, a Agência Espacial Brasileira (AEB) interviu e bancou as bolsas. Daí antes de embarcar para Índia, o ministro Marcos Pontes, afirmou que a verba destinada às bolsas voltará e, consequentemente, as bolsas serão mantidas.

A importância do primeiro satélite 100% brasileiro

Conforme preconizado pelo próprio INPE, os dados gerados pelo satélite serão importantes para abarcar outras ocupações correlatas:

  • Monitorar a região costeira;
  • Monitorar alguns reservatórios de água;
  • Monitorar as florestas naturais e cultiváveis;
  • Monitorar a existência de alguns desastres ambientais, entre outros.

Além da existência do primeiro satélite 100% brasileiro, o Brasil já conta com os satélites CBERS-4 e CBERS-4A em atividades nas órbitas.

“Agora podemos contar com três satélites trabalhando ao mesmo tempo. Assim, conseguiremos adquirir um volume muito maior de dados atinentes às questões ambientais”, afirmou, Clezio Marcos de Nardin, engenheiro eletricista responsável pela direção do INPE.

Ainda segundo Nardin, há previsão de lançamento de mais dois satélites para os próximos anos:

  • Amazônia 1B;
  • Amazônia 2.

“Através do Amazônia 1 haverá reforço no sistema de levantamento de dados e geração de imagens”, relatou Nardin. Explicou, também, que o aparelho deve produzir números sobre vegetação, agricultura, emitir alertas, etc., afirmou o diretor. De acordo com o diretor do INPE, haverá um ganho considerável nos volume de dados.

 

Utilidade na agricultura

O material adquirido pelo satélite também será útil para agricultura. Segundo especialistas, o uso servirá para o monitoramento da agricultura e da existência das queimadas persistentes.

O satélite foi produzido para gerar imagens do planeta de cinco em cinco dias. E em relação a um ponto específico é responsável pela produção de imagens em apenas dois dias.

Se por ventura, haja algum desastre ambiental específico, tal como o rompimento da barragem de Mariana/MG, o equipamento poderá ser direcionado àquele ponto específico. Além disso, os focos de queimadas também poderão ser ajustados.

Conforme ressaltou o engenheiro agrônomo, Cláudio Almeida, responsável pelo monitoramento da Amazônia e de outros biomas, a maior vantagem será por conta da soma dos três satélites. Já com três satélites em operação, um ponto específico poderá ser revisto de 2 em 2 dias.

O material coletado deverá ser transmitido para os cientistas, uma vez que o INPE se comprometeu pela disponibilização dos dados de forma gratuita. A política deverá ser mantida a fim de que toda comunidade tenha acesso aos dados.

 


A Amazônia tem um projeto nacional?

Não é tão simples entender o rumo traçado para defender esse ecossistema

A região amazônica nunca recebeu a atenção que deveria ou merecia por parte de instituições governamentais. Por um lado, o trabalho era feito, mas sempre de forma insuficiente, tanto que os índices do desmatamento nesse estado não estiveram completamente controlados em nenhum momento, desde que começaram a ser medidos. Porém, na atualidade, o que se percebe é uma guerra ao meio ambiente.

Entre as ações mais explícitas colocadas em prática, estão:

  • O corte de verbas;
  • O afrouxamento de leis ambientais;
  • O ataque sistemático aos que lutam por essa causa;
  • A censura de profissionais da área.

Apesar de todos esses obstáculos, ainda existe quem permaneça na linha de frente, dentro e fora dos ambientes públicos. Quer entender mais sobre esse assunto? Continue no artigo.

Afinal, qual é o problema?

Muito se discute sobre o fim dos problemas ambientais relacionados à Amazônia, porém, poucos se aprofundam nesse segmento. Afinal, qual a origem do que está sendo combatido?

O desmatamento, por exemplo, é um imbróglio com diversas camadas. Não basta lutar contra o “chão de fábrica”, ou seja, contra as pessoas que, efetivamente, derrubam áreas protegidas. Nesse tabuleiro, esses indivíduos são as menores peças e, muitas vezes, as mais fracas.

O foco deve ser os que trabalham para que esses peões tenham espaço, ou nesse caso, as políticas públicas que visam aumentar a exploração desses locais. Por isso, é importante observar os que propõem, os que defendem e os que aprovam essas medidas. Nos últimos anos, dois movimentos foram simbólicos nessa direção, ambos orquestrados pelo governo federal.

Visando enfraquecer essas organizações, algumas reestruturações – ou desestruturações – foram realizadas no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA) e no Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio). Ambos tiveram cortes em seus quadros de funcionários e perderam muita de sua autonomia.

Também vale ressaltar que outras ações são tomadas, o tempo todo, longe de Brasília. A grilagem, por exemplo, é um dos problemas mais graves da região amazônica, que continua sufocando mais com a assinatura de papéis do que com motosserras.

Pensando em solucionar impasses como esses, o mundo se reuniu para tentar promover algumas soluções.

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Os ODS são um conjunto de metas definidas pela Assembleia Geral das Nações Unidas, que visam tornar a sociedade global mais saudável e justa. São 17 pontos, cada um com suas características próprias, que podem ser divididos em alguns grupos. A pauta ambiental pode ser composta pelos seguintes:

  • Ação contra a mudança global do clima;
  • Água potável e saneamento;
  • Cidades e comunidades sustentáveis;
  • Consumo e produção responsável;
  • Energia limpa e acessível;
  • Fome zero e agricultura sustentável;
  • Vida na água;
  • Vida terrestre.

Como atingir os ODS?

Apesar de perseguições recentes promovidas por alguns grupos, as Organizações Não Governamentais (ONGs) ainda são uma das principais esperanças dessa luta, tanto no Brasil quanto em outros países.

Muitas delas se estruturaram para defender esses pontos que, frequentemente, são negligenciados pelos próprios agentes públicos, que os usam apenas como bandeira política. Além disso, projetos a longo prazo são, muitas vezes, abandonados por novos governos, que mudam esses planos antes que sejam concluídos. Isso cria um círculo vicioso que, a longo prazo, não resolve nada relevante.

Isso pode ser combatido através de algumas medidas:

  • Gestão participativa local

A proximidade com populações locais deve ser considerado um ponto extremamente relevante. Ouvir o exterior é cômodo, mas entender as necessidades de povos nativos é essencial para conseguir aliados e não gastar energia com projetos distantes da realidade. Por isso, trabalhar em conjunto com esses indivíduos e a comunidade científica é tão importante para atingir esses objetivos.

 

  • Abordagem sistêmica

Por mais que alguns pontos pareças distantes, os ODS estão fortemente relacionados entre si. Por isso, para que qualquer um deles seja concluído, os outros também precisam ser levados em consideração. A ideia é trabalhar com a integração desses objetivos, entendo que qualquer atitude pode interferir, positiva ou negativamente, em mais de um deles.

  • Processos científicos

A coluna vertebral de qualquer trabalho nesse sentido deve ser constituída por estudos e análises de dados. Através disso, será possível melhorar a eficiência e a qualidade de qualquer projeto, visto que as ações e reações serão compreendidas com maior facilidade.

Além desses pontos, é essencial que o vício por descontinuar projetos encaminhados por governos anteriores seja combatido. Como citamos antes, esse costume é intrínseco de algumas figuras públicas que, quando assumem alguns postos da vida política, acabam com diversos projetos de mandatos anteriores. Esse desperdício de recursos precisa acabar urgentemente.

Os benefícios da internacionalização

Diferente de algumas causas sociais, a Amazônia ganha destaque por sua vastidão territorial. Defender esse ecossistema, portanto, não significa necessariamente excluir outros países. Por isso, possuir relações com entidades de outras nações pode ser a chave para beneficiar projetos nacionais e internacionais.

Bandeiras como a WWF ou o Greenpeace internacionalizam a luta, que passa a receber a atenção e fiscalização de outros países. Em setembro de 2020, por exemplo, embaixadores de oito países assinaram uma carta que cobrava medidas mais duras contra a devastação da Amazônia.

À época, Alemanha, Bélgica, Dinamarca, França, Holanda, Itália, Noruega e Reino Unido exigiram um “(...) compromisso político firme e renovado por parte do governo brasileiro”.

Dessa forma, fica claro que o projeto nacional de defesa da Amazônia não se restringe a meros protestos e, muito menos, ao próprio Brasil. É necessário que haja união e inteligência, além de muito empenho por partes das Ongs, que tendem a ser cada vez mais essenciais nessas batalhas cotidianas.


Investidores europeus exigem regras ambientais para continuar importando para o Brasil

Foi anunciada pela União Europeia que o crescimento no mercado agrícola é uma grande ameaça às florestas e o bloco europeu afirmou o compromisso em impedir que as cadeias produtivas promovam danos ao meio ambiente, sobretudo à Amazônia.

O anúncio foi passado pelo comissário da União Europeia de assuntos relacionados ao Meio Ambiente, Virginijus Sinkeviius, em um diálogo com 18 governos, incluindo o Brasil e como aquecimento para a COP 26, que ocorrerá em Glasgow, no Reino Unido.

O governo brasileiro determinou que a chefe da pasta de Agricultura, Tereza Cristina, enviasse uma mensagem pré-gravada durante o momento da inciativa. O projeto tem como escopo afirmar um compromisso entre o setor da agricultura e o meio ambiente.

Por outro lado, por parte dos países estrangeiros, busca-se que as exportações brasileiras de commodities não sejam fruto de desmatamento. Ocorre que no cenário nacional há certo receio de que haja algum prejuízo às exportações brasileiras.

A União Europeia pretende forçar que os países integrantes do bloco europeu não comprem produtos oriundos de desmatamento. O comissário ainda afirmou que não basta apenas que se lute contra a compra de madeira ilegal, mas que se atente também ao mercado agrícola, afirma.

Ainda segundo Sinkeviius, o desmatamento, nos dias atuais, representa cerca de 20% das emissões de CO2 na atmosfera, por isso é importante que se aumente o combate à devastação.

O maior desafio para União Europeia é impedir a entrada de produtos agrícolas fonte desmatamento e também de madeira ilegal nos países europeus. Para isso, uma das exigências será que as importadoras passem por um controle mais rígido sob seus abastecimentos, cujas regras serão similares àquelas a quem pratica pesca ilegal.

O Reino Unido reafirmou que a principal fonte de desmatamento é originária da exportação de commodities. A Alemanha também prima por um abastecimento isento de desmatamento.

Por outro lado, na Assembleia Geral da ONU, o atual presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, anunciou em tom de ameaça que iria divulgar uma lista de países estrangeiros que estava comprando madeira ilegal brasileira oriunda da Amazônia.

Mesmo assim a pressão sob o governo brasileiro tem aumentado nos últimos dias, levando a crer, portanto, que as exportações brasileiras poderiam sofrer reduções caso nada seja feito.

Daí com o medo da pressão internacional, Tereza Cristina, responsável pela pasta agrícola, afirmou que o Brasil está disposto a um mercado pautado no desenvolvimento sustentável e no respeito ao meio ambiente.

A discussão também contou com a presença de André Guimarães, diretor do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia. André lembrou que 25% do PIB brasileiro são decorrentes da agricultura, sendo que 90% da agricultura dependem do regime de chuvas: “Desmatar a Amazônia é o mesmo que acabar com o futuro brasileiro e o abastecimento de produtos alimentícios para o mundo”, alerta o diretor.

“Desmatar é uma péssima opção para nosso país, necessitamos da Amazônia para fornecer água para toda agricultura brasileira”, ressalta André. Para ele, as políticas públicas devem ser embasadas cientificamente.

A COP 26

Glasgow, no Reino Unido, foi a cidade escolhida para sediar o próximo encontro COP26 Climate Summit. É um evento que espera a reunião de mais de 30 mil pessoas de todo o mundo, será o maior evento realizado na cidade.

A presidente da COP26 afirmou que a cidade Glasgow será um espelho a ser seguido por todo o mundo, uma vez que é uma das cidades mais sustentáveis do Reino Unido. Por isso, servirá de retrato para outros lugares.

Além disso, servirá para reafirmar o compromisso do Reino Unido com as questões ambientais. Será uma reunião com os líderes mundiais a fim de discutir como será o futuro ambiental do planeta.

Será um grande teste para os países da esfera internacional a fim de que se comprometam com as questões ambientais. Tudo isso em conformidade com o Acordo de Paris.

Entenda o Acordo de Paris

O Acordo de Paris é um compromisso global acerca das mudanças climáticas e objetiva a redução de gases do efeito estufa.

É acordo que começou a ser assinado no ano de 2015 e com vigência a partir de 2016. Até o ano de 2017, 195 países já havia assinado e ratificado tal compromisso. E seu principal objetivo é diminuir a emissão de gases do efeito estufa.

Além disso, uma das metas do Acordo de Paris é oferecer suporte tecnológico a países subdesenvolvidos com o objetivo de auxiliar na diminuição dos gases do efeito estufa.

O Brasil assinou o acordo no ano de 2015 e comprometeu, até o ano de 2025, reduzir a emissão dos gases do efeito estufa em 37% e até o ano de 2030 em 43%. As principais metas do governo brasileiro são:

  • Primar no uso de fonte alternativa de energia;
  • Valer-se de tecnologia mais limpa;
  • Melhorar o sistema de transportes;
  • Reduzir o desmatamento;
  • Restaurar e reflorestar 20 milhões de hectares.

 


O que a influência do La Niña pode causar ao meio ambiente em 2021?

Fenômeno diminui a temperatura média da Terra e pode alterar o mercado de pescados na América do Sul

Vindo na contramão de 2020, que registrou o mês de janeiro mais quente da história, o La Ninã deve diminuir a temperatura média do globo, evitando novos recordes de calor. O fenômeno ocorre a partir do fortalecimento de zonas de alta pressão subtropicais que, consequentemente, aumentam a intensidade dos ventos. A partir disso, massas de água aquecidas são movidas em direção às Filipinas, permitindo que as águas mais profundas subam e resfriem a atmosfera.

Entre os países que sentem essas mudanças mais rápido estão:

  • Chile;
  • Equador;

Desse modo, os territórios banhados pelo Oceano Pacífico recebem menos chuvas, uma vez que a dispersão de nuvens nesses locais ocorre com maior intensidade. A soma desses fatores pode refletir economicamente em atividades costeiras, além de impactar diversas partes da Oceania.

Na Costa Oeste da América do Sul

Ao permitir que águas mais profundas subam, o La Niña aumenta a concentração de nutrientes e fitoplânctons na superfície. Sendo esses pontos essenciais para o desenvolvimento da vida marinha, atividades como a pesca se tornam ainda mais produtivas em regiões afetadas por esse acontecimento, que é chamado por cientistas de “ressurgência”.

A ressurgência beneficia tanto a pesca industrial quanto a artesanal, mercados fundamentais nas economias do Chile e do Peru. Um levantamento feito pela Organização das Nações Unidas (ONU) apontou um crescimento de 5,4% dessa operação em 2018, resultando em 96,4 milhões de toneladas de animais capturados.

Esse mesmo estudo indica que esses dois países foram os principais responsáveis por essa mudança, decorrente da pesca de anchovetas em suas costas. No caso dos peruanos, a exportação da farinha produzida com esse peixe movimentou mais de 1,6 bilhões de dólares nesse meio.

Apesar disso, a irresponsabilidade ecológica pode causar um declínio marcante para esses dois países. Um monitoramento nos estoques pesqueiros desses locais indicou que a vida marinha “biologicamente sustentável” regrediu de 90%, em 1974, para 65,8% em 2017. Grande parte dessa queda se deve ao fato de os governos terem afrouxado algumas políticas ambientais.

Por isso, visando diminuir os impactos negativos na natureza, a World Wide Fund for Nature (WWF) estreou, em 2018, uma campanha pelo consumo consciente. A ideia é ensinar as populações da Argentina, Brasil, Chile, Equador e Peru a manter um hábito menos predatório nesse segmento.

No Brasil

Por possuir dimensões continentais, o Brasil deve perceber os reflexos do La Niña de maneiras distintas a depender da região. No Norte e no Nordeste, por exemplo, a tendência é que as temporadas de chuvas sejam ainda mais intensas, resultando em maiores cheias nos rios e enchentes mais expressivas nos litorais. Na Bahia, Maranhão, Piauí e Tocantins deve haver uma alta na temperatura média.

Entre 2010 e 2012, os últimos anos em que se teve registro desse evento, alguns fatores influenciaram diversos setores da economia. No Sul, por conta do baixo nível das chuvas, a produção de cana-de-açúcar operou em queda. O resultado foi a diminuição dessas safras que, consequentemente, elevou o valor do etanol, produzido a partir dessa matéria-prima.

A união desses acontecimentos com o aumento da necessidade de consumo de combustível, além da necessidade de exportação dessa substância, criou impactos significativos na economia do país.

Em Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, o aquecimento das águas do Oceano Pacífico deve se converter em um menor volume de chuva. Porém, conforme dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMet), as possibilidades de temporais nessas regiões não são nulas.

Na Austrália

Apesar de estar do outro lado do globo, a Austrália também tem seu clima alterado pelas atividades do La Niña. Os ventos, que tiram as chuvas de algumas regiões da América do Sul, levam as mesmas para os quase 25 milhões de habitantes do maior país da Oceania. Essa alta pode contribuir com a redução de queimadas, muito comuns por conta do clima frequentemente árido do local.

Nos Estados Unidos

Mesmo possuindo sistemas agrícolas modernos e eficientes, os Estados Unidos sentiram no bolso a força desse fenômeno. A produção de trigo, uma das cinco maiores do mundo, teve prejuízos por conta das secas causadas pelo La Niña.

Apesar disso, conforme apontaram levantamentos feitos pela Companhia Nacional de Abastecimento (CoNAb) com dados do United States Department of Agriculture (USDA), os estadunidenses permanecem estáveis nesse mercado, com mais de 52 milhões de toneladas produzidas entre 2019 e 2020.

La Niña fake

Filipe Pungirum, um dos analistas de tempo da empresa Climatempo, acredita na possibilidade de um fenômeno mais discreto. Conforme relatou o portal Terra, o meteorologista afirma: “(...) será como termos uma La Niña fake”. A hipótese pode parecer confusa, mas é explicável.

Apesar das medições apontarem que há probabilidade dessas atividades se manterem moderadas ou fortes durante o ano de 2021, pode não haver uma influência considerável nas precipitações de verão. Isso aconteceria porque, conforme análises de Filipi Pungirum, as Zonas de Convergência Intertropical (ZCIt), que levam as chuvas para o Norte e Nordeste do país, não poderiam se estabelecer em suas localizações normais.

Ele diz: “(...) durante quase todo o verão 2020 e 2021, o calor excessivo da porção norte do Atlântico Norte vai fazer com que a ZCIt se posicione, em média, ao norte de sua posição média normal. Isto vai desfavorecer a chuva no verão na porção norte das Regiões Norte e Nordeste do Brasil”.

Patricia Madeira, companheira de trabalho de Filipi Pungirum na Climatempo, considera que algumas convergências de umidade vindas do Norte para o Sudeste podem alterar o clima da primeira estação do ano. Ela diz: “Vamos ter chuva, mas a maior parte das pancadas vai ter caráter isolado e passageiro”.

Picos e fim da atividade

A National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) estima que o desvio de temperatura do La Niña não atinja -1,5ºC entre janeiro e fevereiro de 2021. Porém, essa mudança é suficiente para que a atividade seja considerada a terceira mais intensa dos últimos 20 anos.

Os primeiros efeitos do fim desse fenômeno estão previstos para maio de 2021. Nesse período, a primeira onda de frio com potenciais geadas podem aparecer na região Sul e em partes de São Paulo.